Tragédia no Pantanal: onça que matou caseiro volta ao local do ataque e fere socorrista

Biólogo André Maia comenta o ataque
Animal tentou esconder restos mortais e só recuou após tiros. Vítima havia alertado para risco dias antes de morrer.
O caso que chocou o Pantanal sul-mato-grossense ganhou contornos ainda mais dramáticos nesta terça-feira (22), quando a onça que atacou e matou o caseiro Jorge Avalo, de 60 anos, retornou ao local do crime, tentou ocultar o corpo e chegou a ferir um dos socorristas envolvidos na operação de resgate.
A vítima, conhecida como “Jorginho”, trabalhava como cuidador em um pesqueiro às margens do Rio Miranda, na região de Touro Morto, a cerca de 150 quilômetros de Miranda (MS). Ele desapareceu na manhã de segunda-feira (21), enquanto coletava mel em uma área próxima à mata.
Equipes da Polícia Militar Ambiental (PMA) localizaram partes do corpo da vítima ainda na segunda-feira, após seguir rastros do animal. Já nesta terça, durante o retorno ao local para resgatar os restos mortais, a equipe foi surpreendida pela presença da onça, que tentou investir contra um dos integrantes do grupo. O felino só recuou após disparos de arma de fogo.
“Achamos o corpo e, na hora de voltar para buscar, ela estava ali em cima e atacou o colega”, relatou um dos homens em vídeo gravado no local. As imagens mostram um dos socorristas com ferimentos causados pelo ataque.
Segundo os agentes, a onça havia arrastado o corpo por mais de 50 metros até uma toca na mata fechada. O comportamento agressivo e territorial do animal chamou a atenção da equipe, que investiga se há risco de novos ataques na região.
Alerta ignorado
Uma semana antes de ser morto, Jorge havia aparecido em um vídeo alertando para a presença de onças nas proximidades. Nas imagens, ele e um familiar mostram pegadas recentes ao lado da casa onde morava. “A onça vai comer o Jorge!”, brinca o homem que filma. “Não vai comer, não!”, responde Jorge, sem imaginar que seria atacado dias depois.
O corpo da vítima foi encaminhado ao Núcleo Regional de Medicina Legal de Aquidauana. A área onde o ataque ocorreu é de difícil acesso, o que dificultou o resgate e obrigou o uso de helicópteros e drones na operação.
A PMA reforça que moradores evitem circular em áreas de mata fechada e comuniquem imediatamente qualquer sinal de presença de felinos. O caso está sob investigação.