Ex-presidente Fernando Collor é preso em Alagoas por corrupção na Petrobras

Condenado a 8 anos e 10 meses pelo STF, Collor foi detido no aeroporto de Maceió antes de tentar se entregar em Brasília

O ex-presidente e ex-senador Fernando Collor de Mello, de 75 anos, foi preso pela Polícia Federal na madrugada desta sexta-feira (25), no aeroporto de Maceió (AL). Condenado a 8 anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Collor tentava embarcar para Brasília para se entregar às autoridades, mas foi detido antes do embarque.

A ordem de prisão foi expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após o julgamento e a rejeição de todos os recursos apresentados pela defesa do ex-presidente. Collor foi custodiado na Superintendência da Polícia Federal de Alagoas, aguardando transferência para Brasília, onde cumprirá pena em regime fechado.

A condenação decorre do esquema de corrupção na BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, investigado pela Operação Lava Jato. Segundo o STF, Collor recebeu cerca de R$ 20 milhões em propinas entre 2010 e 2014, período que engloba os governos petistas de Lula e Dilma Rousseff.

A ação penal teve origem em provas entregues pela Polícia Australiana e pela delação do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, e foi fortalecida por documentos encontrados no escritório do doleiro Alberto Youssef.

Em nota, a defesa de Collor manifestou “surpresa e preocupação” com a prisão, alegando que a condenação foi baseada em delações sem comprovação material, o que já havia sido rejeitado pela Corte Suprema em diversas instâncias.

Prisão de Collor levanta debate sobre tratamento de ex-presidentes

A Polícia Federal discute o local onde Collor deverá cumprir pena, evitando manter o ex-presidente em instalações da PF, como ocorreu com Lula em 2018. A medida já considera possíveis precedentes caso o ex-presidente Jair Bolsonaro venha a ser alvo de ordens semelhantes.

O caso de Collor resgata o episódio que marcou sua carreira: o impeachment em 1992, impulsionado por denúncias feitas por seu próprio irmão, Pedro Collor, e pelo escândalo envolvendo o tesoureiro da campanha, PC Farias. Após sua renúncia, Collor foi absolvido das acusações relativas ao seu mandato em 1994, mas sua trajetória política foi definitivamente manchada.

Depois do impeachment, Collor ainda voltou à vida pública como senador por Alagoas (2007-2023) e tentou, sem sucesso, o governo estadual em 2022.

STF: recursos rejeitados e pena confirmada

Na decisão que determinou a prisão, Moraes apontou que a defesa de Collor apresentou apenas tentativas protelatórias. O plenário do Supremo, por 6 votos a 4, rejeitou os recursos que buscavam reduzir a pena ou gerar a prescrição dos crimes.

O ministro também solicitou ao presidente do STF, Luís Roberto Barroso, a convocação de sessão virtual para referendar a prisão, prevista para ocorrer ainda nesta sexta-feira.

“O dia chegou”, provoca Moro

O ex-juiz da Lava Jato e hoje senador Sergio Moro ironizou a prisão em suas redes sociais:

“Prisão de Collor pela corrupção na BR Distribuidora durante os Governos do PT. Quem será que entregou a BR Distribuidora para o Collor?”

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