“Não foi legítima defesa”: advogado acusa delegado de tentativa de homicídio em Fernando de Noronha

Morador da ilha levou dois tiros após briga; promotor vê indícios de ação premeditada

O caso envolvendo o delegado substituto de Fernando de Noronha, Luiz Alberto Braga de Queiroz, que baleou o ambulante Emanuel Pedro Apory, de 26 anos, na última segunda-feira (5), segue ganhando novos desdobramentos. O advogado da vítima, Anderson Flexa, afirmou que vai defender o indiciamento do delegado por tentativa de homicídio, descartando a hipótese de legítima defesa.

“Vamos descartar se houve legítima defesa ou lesão corporal. O que sobra, de fato, é a tentativa de homicídio”, declarou Flexa.

O advogado está na ilha coletando imagens e depoimentos para reforçar a acusação. Segundo ele, a análise inclui avaliar se houve premeditação, ato impulsivo ou desvio de conduta sob pretexto de ação policial.

A discussão entre o delegado e o ambulante teria começado por ciúmes, segundo testemunhas, durante um evento de samba no Forte dos Remédios. Após o conflito verbal, o delegado sacou uma arma e disparou duas vezes contra Apory, que foi atingido na perna e sofreu fratura exposta. A vítima foi socorrida, passou por cirurgia no Hospital da Restauração, no Recife, e segue sem previsão de alta.

Promotor também fala em tentativa de homicídio

O promotor de Justiça de Noronha, Fernando Matos, também considera a possibilidade de tentativa de homicídio.

“A tese de legítima defesa não pode ser sustentada por quem iniciou a agressão. O uso de arma de fogo foi desproporcional e ilegítimo, podendo configurar uma ação premeditada com objetivo específico”, afirmou o promotor.

Ele destacou ainda que a conduta do delegado “em hipótese alguma” pode ser classificada como abordagem policial.

Defesa nega e diz que delegado agiu para se proteger

Por outro lado, o advogado do delegado, Augusto Branco, nega a acusação e sustenta que seu cliente agiu em legítima defesa. Ele afirma que as imagens do ocorrido comprovam essa versão e que o policial se submeteu, de forma voluntária, ao teste de alcoolemia, que deu negativo.

“A imagem é clara, não há tentativa de homicídio. Foi legítima defesa”, disse.

O que se sabe até agora

  • A discussão teria sido motivada por ciúmes durante uma festa no Forte dos Remédios;
  • Emanuel Apory trabalha com aluguel de barracas de praia e foi baleado na perna;
  • O delegado teve a arma recolhida e foi afastado das funções por 120 dias;
  • O caso é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP);
  • O Ministério Público aguarda a coleta de provas para definir o teor da denúncia.

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