PF vê ‘máquina de corrupção sofisticada’ no STJ e pede mais 60 dias para investigar venda de sentenças

Corporação afirma que esquema é mais complexo do que se imaginava e envolve desembargadores, lobistas e gabinetes de ministros

A Polícia Federal pediu ao ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), a prorrogação por mais 60 dias das investigações sobre um esquema de venda de sentenças judiciais envolvendo integrantes do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O caso, segundo os investigadores, revelou-se “consideravelmente mais sofisticado e complexo” do que se supunha inicialmente.

A PF afirma que, ao contrário da hipótese inicial — de atos isolados envolvendo o compartilhamento de minutas de decisões —, o que está em curso é uma rede estruturada de corrupção sistêmica, com possível atuação coordenada entre lobistas, advogados, operadores financeiros, empresários do agronegócio e agentes do Judiciário.

“As análises financeiras em andamento indicam fatos com potencial de ampliar a gravidade das suspeitas e reforçar a competência do STF para conduzir o inquérito”, escreveu a PF em petição ao relator do caso, ministro Zanin.

Ministros do STJ e gabinetes sob suspeita

A investigação, mantida sob sigilo, mira ex-servidores de quatro gabinetes do STJ, além de desembargadores do Mato Grosso. Os gabinetes sob apuração são os dos ministros Isabel GallottiOg FernandesNancy Andrighi e Paulo Moura Ribeiro — este último diretamente mencionado, o que levou o caso ao STF.

O clima é de tensão no STJ. Segundo relatos internos, há constrangimento e temor generalizado entre ministros e assessores.

Lobista preso e dinheiro na conta do motorista

No centro do escândalo está o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, preso na penitenciária federal de Brasília, e sua esposa, a advogada Mirian Ribeiro Rodrigues, que cumpre prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica. A PF aponta Andreson como “peça central” no suposto esquema de venda de decisões e informações privilegiadas do STJ.

Um indício revelador: entre 2019 e 2023, o motorista João Batista Silva, apontado como laranja de Andreson, recebeu R$ 2,6 milhões de uma empresa ligada ao lobista. O mesmo motorista recebia auxílio emergencial durante a pandemia, o que reforça a suspeita de lavagem de dinheiro.

Esquema com contas de passagem e saques em espécie

A PF também investiga o uso de “contas de passagem” em nome de pessoas físicas e jurídicas interpostas, além de saques em espécie para dificultar o rastreamento da origem ilícita dos valores. A apuração já identificou movimentações atípicas em relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Diante da gravidade dos fatos e da possibilidade de surgirem novos elementos, a PF solicitou não apenas a extensão do inquérito por mais dois meses, como também a manutenção das medidas cautelares já impostas aos investigados, como prisões e bloqueios de bens.

STF resiste à soltura do lobista

No STF, a Primeira Turma está perto de concluir o julgamento de um recurso da defesa de Andreson, que pede sua transferência para prisão domiciliar. Até agora, três dos cinco ministros — Zanin, Alexandre de Moraes e Flávio Dino — já votaram contra o pedido, o que deve selar a manutenção da prisão em regime fechado.

Em seu voto, Zanin descreveu Andreson como “figura de comando e ingerência” no esquema, atuando diretamente na negociação de decisões e na distribuição de recursos entre operadores do Judiciário.

“Sua atuação revela-se veemente nos autos, evidenciando sua função central no comércio de decisões judiciais no STJ”, escreveu o ministro.

🔥 Venda de sentenças no STJ vira megaescândalo

PF aponta “esquema sofisticado e complexo” de corrupção no Judiciário
— Investigação revela rede de lobistas, desembargadores e ex-servidores manipulando decisões no STJ.
— Ministro Paulo Moura Ribeiro, do STJ, é citado.
— Quatro gabinetes da Corte estão sob suspeita: Isabel Gallotti, Og Fernandes, Nancy Andrighi e Moura Ribeiro.


💰 Motorista com auxílio emergencial recebeu R$ 2,6 milhões

— João Batista Silva, motorista ligado ao esquema, recebeu valores de empresa do lobista Andreson Gonçalves.
— Apesar da fortuna, ele recebia auxílio para baixa renda durante a pandemia.


👥 Casal é o pivô da operação

— Andreson Gonçalves, preso na penitenciária federal de Brasília.
— Mirian Ribeiro, advogada e esposa, está em prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.


🕵️‍♂️ PF vê lavagem de dinheiro e pede prorrogação

— Delegado Marco Bontempo solicitou mais 60 dias de investigação.
— Dinheiro era lavado com contas de passagem, saques e entrega em espécie.
— PF diz que o esquema pode justificar competência do STF no caso.


⚖️ STF dividido sobre soltura do lobista

— Zanin, Moraes e Dino votam por manter Andreson na penitenciária federal.
— Julgamento da Primeira Turma do STF deve ser concluído na segunda-feira (12).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *