🔪 “A gente vem pra se divertir e acontece esse pesadelo”: Homem que matou turista no Recife após festa de carnaval é condenado a 26 anos

Engenheiro carioca Talles Lemgruber, de 35 anos, foi morto a facadas em Boa Viagem na Quarta-feira de Cinzas. Criminoso reincidente pegou mais de duas décadas de prisão e terá que pagar indenização à família da vítima.

Foi condenado a 26 anos e 3 meses de prisão o homem acusado de matar a facadas o turista Talles do Couto Lemgruber Kropf, de 35 anos, durante um assalto em Boa Viagem, Zona Sul do Recife. O crime aconteceu na madrugada de 14 de fevereiro de 2024, logo após o fim de uma festa de carnaval.

A sentença foi publicada nesta segunda-feira (12) pelo juiz Roberto Jordão de Vasconcelos, da 13ª Vara Criminal da Capital. O réu, Edvá Alexandre da Silva, foi condenado por latrocínio – roubo seguido de morte – e não poderá recorrer em liberdade. Segundo o magistrado, Edvá já possuía três condenações anteriores, sendo duas por crimes violentos, incluindo roubo e tentativa de homicídio.

“A conformação atual está a indicar que, quando solto, o réu fica exposto a estímulos que o levam a cometer crimes”, escreveu o juiz na decisão.

Além da pena de reclusão, o réu deverá pagar uma indenização de R$ 200 mil por danos morais à família da vítima, além de uma multa proporcional ao salário mínimo da época, com base em 229 dias de pena.


🎭 Fim trágico após noite de festa

Talles, engenheiro de petróleo natural do Rio de Janeiro, estava no Recife para curtir o carnaval ao lado de amigos. Naquela noite, ele havia saído do evento Carvalheira na Ladeira, em Olinda, e resolveu ir sozinho ao Bar do Paulinho, nas proximidades do hotel onde estava hospedado, na Avenida Domingos Ferreira.

Durante o trajeto, foi abordado por Edvá e esfaqueado no peito. O criminoso roubou o celular da vítima e fugiu. Talles ainda foi socorrido por policiais militares e levado para a UPA da Imbiribeira, mas não resistiu aos ferimentos.

“A gente vem pra se divertir e acontece esse pesadelo”, lamentou Reinaldo Mendes Júnior, amigo de Talles que também participou da festa naquela noite.

📌 Principais pontos da sentença

  • Crime: Latrocínio (roubo seguido de morte) contra o turista Talles Lemgruber, de 35 anos;
  • Pena: 26 anos e 3 meses de prisão em regime fechado;
  • Indenização: R$ 200 mil por danos morais à família da vítima;
  • Multa adicional: Equivalente a 3,3% do salário-mínimo da época, multiplicado por 229 dias;
  • Reincidência: Réu já havia sido condenado três vezes — duas por crimes violentos;
  • Recurso: Réu não poderá recorrer em liberdade.

⚖️ Trecho da sentença

“As sentenças penais condenatórias transitadas em julgado são anteriores à data do cometimento do crime que ora se apura. Há, desse modo, reincidência. Dado que há mais de uma condenação definitiva pretérita, é possível valorar desfavoravelmente, na primeira fase da dosimetria, a circunstância judicial pertinente aos antecedentes”, escreveu o juiz Roberto Jordão.

E completou:

“A conformação atual, portanto, está a indicar que, quando solto, o réu fica exposto a estímulos que o levam a cometer crimes. […] Entendo que o réu não deve recorrer em liberdade.”


🔁 Histórico criminal de Edvá Alexandre da Silva

Edvá não era um criminoso primário. Antes do assassinato de Talles, ele já havia sido condenado em três processos— dois deles por crimes violentos, conforme confirmado pela sentença. São eles:

  1. Condenação por roubo qualificado (com uso de violência ou grave ameaça);
  2. Condenação por tentativa de homicídio;
  3. Outra condenação por crime patrimonial.

Segundo o juiz, essas penas já haviam transitado em julgado antes do latrocínio, o que caracteriza reincidência penal. A própria sentença sugere que ele não deveria estar em liberdade, já que representava risco à sociedade.


🕯️ A vítima: engenheiro carioca de 35 anos

Talles Lemgruber era engenheiro de petróleo, nascido no Rio de Janeiro. Na noite do crime, ele havia participado da festa Carvalheira na Ladeira, em Olinda. Após o evento, os amigos decidiram voltar ao hotel, mas Talles resolveu ir sozinho ao Bar do Paulinho, nas proximidades.

Durante o trajeto, foi abordado, esfaqueado no peito e teve o celular roubado. Policiais militares chegaram a socorrê-lo e levá-lo à UPA da Imbiribeira, mas ele não resistiu.

“A gente vem pra se divertir e acontece esse pesadelo”, disse emocionado o engenheiro Reinaldo Mendes Júnior, amigo da vítima.


Quando a Justiça tarda — e falha: o turista que não precisava morrer

O assassinato brutal do engenheiro Talles Lemgruber, esfaqueado no peito ao sair de uma festa de carnaval em Recife, é mais do que uma tragédia individual. É o retrato de um sistema penal que falha em proteger os inocentes porque se recusa a isolar os reincidentes.

O autor do crime, Edvá Alexandre da Silva, não era um desconhecido da Justiça. Pelo contrário: já havia sido condenado por três crimes — dois deles violentos, incluindo uma tentativa de homicídio. Mesmo assim, estava solto. Livre para circular. Livre para atacar.

O juiz que o condenou agora a 26 anos de prisão reconheceu na sentença que a “conformação atual indica que, quando solto, o réu volta a cometer crimes”. A reincidência foi reconhecida. O risco, evidente. Mas só depois de mais uma vida arrancada.

Quantos mais?

Esse não é um caso isolado. No Brasil, reincidência é rotina. Segundo dados do CNJ, mais de 40% dos presos que saem do sistema voltam a delinquir em menos de dois anos. Muitos deles sequer deveriam estar em liberdade.

A verdade incômoda é que o Estado sabia quem era Edvá Alexandre. Tinha o histórico. Tinha a ficha. Mas não tinha controle. Tampouco vontade de rever práticas que priorizam a liberdade do criminoso em detrimento da segurança do cidadão.

Talles Lemgruber não morreu por estar no lugar errado. Morreu porque o Estado permitiu que um criminoso condenado circulasse livremente. A falha não foi só da faca — foi de uma Justiça penal lenta, permissiva e cega para o perigo real.

Não se trata de defender o encarceramento em massa, mas sim o encarceramento responsável e eficazQuem reincide em crimes violentos precisa ser contido. Ponto. Não é vingança. É prevenção.

Enquanto essa lógica não mudar, mais famílias como a de Talles vão chorar diante de túmulos que poderiam ter sido evitados. E o sistema continuará sendo cúmplice — por omissão.


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