Desaprovação de Lula bate recorde e chega a 53,7% após escândalo no INSS, diz AtlasIntel
Corrupção volta ao centro do debate e supera criminalidade como principal preocupação dos brasileiros, revela levantamento
A desaprovação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alcançou seu maior índice desde o início do mandato, chegando a 53,7%, segundo pesquisa AtlasIntel divulgada nesta sexta-feira (30). A piora na avaliação ocorreu após a revelação de um esquema bilionário de fraudes em aposentadorias e pensões do INSS, que colocou a corrupção no topo da lista de preocupações nacionais, superando a criminalidade.
O escândalo provocou uma guinada negativa na imagem do presidente: a rejeição pessoal de Lula passou de 47% em abril para 54% em maio, uma alta de sete pontos percentuais. Já a aprovação do governo caiu de 46,1% para 45,4%.
Há pouco mais de um ano, Lula ainda mantinha saldo positivo — em abril de 2024, sua aprovação era de 50,3%, frente a uma desaprovação de 43,4%. Desde novembro, no entanto, esse cenário se inverteu. A avaliação negativa agora domina todos os indicadores.
Rejeição atinge evangélicos, classes médias e adultos de meia-idade
O levantamento mostra que os maiores índices de desaprovação estão entre os evangélicos (72%), pessoas com ensino médio completo (63,8%), renda familiar entre R$ 2 mil e R$ 3 mil (60,9%) e brasileiros com idade entre 35 e 44 anos (69,8%).
A percepção negativa do governo — aqueles que classificam a gestão como ruim ou péssima — saltou para 52,1%, ante 47,7% no mês anterior. Apenas 41,9% consideram o governo ótimo ou bom. A parcela que vê a administração como regular também caiu: de 9,6% para 6%.
Corrupção lidera ranking de problemas no Brasil
Pela primeira vez na série histórica da pesquisa, corrupção aparece como o problema mais citado pelos brasileiros: 59,5% apontaram o tema como a principal preocupação nacional, superando criminalidade e tráfico de drogas (50,2%). Em abril, o índice era de 47% para corrupção e 55% para criminalidade.
Economia e inflação continuam relevantes, mas perderam espaço: 29,4% citaram esses temas, contra 31% no mês anterior. Os entrevistados podiam indicar até três problemas.
Medo de novas fraudes e violência cresce
Ao serem questionados sobre os riscos para os próximos seis meses, a maior preocupação dos entrevistados é com “novas revelações sobre fraudes ou esquemas de corrupção”, apontada como “muito provável” por 57%.
Na sequência, aparece o aumento da violência associada a facções criminosas, com 52%, e a alta de furtos e assaltos, mencionada por 45%.
Economia divide opiniões; “taxa das blusinhas” lidera críticas
A expectativa em relação à economia está dividida: 45% acreditam que vai melhorar, 44% acham que vai piorar e 11% esperam estabilidade. O mesmo ocorre com o emprego: 42% acreditam em melhora, 41% em piora e 17% acham que seguirá igual.
Entre os principais erros da gestão Lula, o mais citado foi a taxação de compras internacionais de até US$ 50, apelidada de “taxa das blusinhas”, mencionada por 64% dos entrevistados. Em seguida, aparece a proposta de fiscalizar movimentações via Pix acima de R$ 5 mil por mês, criticada por 51%.
Metodologia
A pesquisa foi realizada com 4.399 pessoas entre os dias 19 e 23 de maio, por meio de recrutamento digital aleatório. A margem de erro é de um ponto percentual, com nível de confiança de 95%. Os dados integram o relatório mensal Latam Pulse, parceria entre a AtlasIntel e a Bloomberg, com monitoramento da situação política e econômica em países da América Latina.
