🎯 Delegado que atirou em ambulante em Noronha vira réu por tentativa de homicídio duplamente qualificado

Emmanuel Apory teve a perna amputada após discussão durante festa na ilha; Justiça também afastou policial do cargo

O delegado Luiz Alberto Braga de Queiroz se tornou réu por tentativa de homicídio duplamente qualificado e omissão de socorro, após atirar no ambulante Emmanuel Apory durante uma festa de samba em Fernando de Noronha, no dia 5 de maio. A decisão foi da juíza Fernanda Moura de Carvalho, que também determinou o afastamento do policial do cargo, a suspensão do porte de armas e o recolhimento do seu armamento.

Apory levou dois tiros na perna direita e precisou ser transferido para o Recife, onde passou por amputação. Ele teve alta no último sábado (22). O caso, registrado por câmeras de segurança, gerou forte comoção na ilha e repercussão nacional.

Segundo relatos, a confusão teria sido motivada por ciúmes: o delegado, que estava de férias em Noronha, acusou Emmanuel de ter assediado a mulher que o acompanhava. Após uma troca de tapas, Braga sacou a arma e atirou. Em seguida, teria fugido usando uma viatura oficial, sem prestar socorro.

A Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público na última sexta-feira (20). “O processo foi iniciado com acusação de tentativa de homicídio qualificado. O réu terá dez dias para apresentar resposta à acusação”, disse a juíza.

⚖️ O que dizem as defesas

O advogado do delegado, José Augusto Branco, afirmou que a decisão é “meramente formal” e que ainda será analisada a tese de legítima defesa sucessiva.

Já o advogado de Emmanuel, Anderson Flexa, que também atua como assistente de acusação, destacou a gravidade da conduta do delegado. “A vítima foi abandonada em estado gravíssimo, sangrando no chão, enquanto o acusado fugia numa viatura oficial. A Justiça reconheceu a tentativa de homicídio com motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima”, declarou.

🔍 Próximos passos

Na fase seguinte, o processo terá audiência de instrução, com oitiva de testemunhas e interrogatório do delegado. Só então a Justiça decidirá se Braga será levado a júri popularabsolvido ou se a denúncia será reclassificada para lesão corporal.

Além da ação penal, o delegado responde a um processo administrativo disciplinar especial, aberto pela Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS), que também determinou seu afastamento por 120 dias e recolheu seus documentos funcionais.

🗓️ Linha do tempo: Caso do delegado que atirou em ambulante em Noronha

📅 5 de maio

  • Durante uma festa de samba em Fernando de Noronha, o delegado Luiz Alberto Braga se desentende com o ambulante Emmanuel Apory.
  • O motivo teria sido ciúmes: o delegado acusou Emmanuel de assediar a mulher que o acompanhava.
  • Uma câmera de segurança registra o início da briga: Emmanuel leva um tapa e revida. O delegado saca a arma e atira duas vezes.
  • Emmanuel é ferido gravemente na perna direita.
  • O delegado foge sem prestar socorro, utilizando uma viatura oficial da Polícia Civil.

🚑 5 a 6 de maio

  • Emmanuel é levado ao Hospital São Lucas, na própria ilha.
  • Devido à gravidade dos ferimentos, é transferido de avião para o Hospital da Restauração, no Recife.
  • A equipe médica realiza a amputação da perna direita.

⚖️ 6 a 10 de maio

  • Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS) abre um processo administrativo disciplinar contra o delegado.
  • A SDS determina o afastamento de Braga por 120 dias, além do recolhimento de suas armas e documentos funcionais.

🧾 Meados de maio

  • Ministério Público de Pernambuco conclui a investigação e denuncia o delegado por:
    • Tentativa de homicídio duplamente qualificado (motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima);
    • Omissão de socorro.

📜 20 de junho

  • juíza Fernanda Moura de Carvalho aceita a denúncia e transforma o delegado em réu.
  • Determina:
    • Afastamento do cargo público até o julgamento;
    • Suspensão do porte de arma;
    • Recolhimento das armas;
    • Suspensão dos direitos políticos do delegado.

🩺 22 de junho

  • Emmanuel Apory recebe alta hospitalar após mais de 40 dias de internação.

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