🔥 CPI DA PUBLICIDADE: ALEPE INSTALA COMISSÃO PARA INVESTIGAR CONTRATOS DE R$ 1,2 BILHÃO DO GOVERNO DE PE
Criação da CPI foi marcada por trocas partidárias, briga entre base e oposição e acusações de “manobra política”.

A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) instalou nesta terça-feira (19) a CPI da Publicidade, que vai investigar supostas irregularidades em contratos milionários firmados pelo governo do estado com agências de comunicação. O contrato em questão pode chegar a R$ 1,2 bilhão em dez anos.

A abertura da comissão foi aprovada por 20 dos 49 deputados e terá duração de até 120 dias, prorrogáveis por mais 90. A denúncia que motivou a CPI aponta indícios de que um primo da governadora Raquel Lyra (PSD) seria sócio oculto de uma das empresas vencedoras da licitação, a E3 Comunicação Integrada.
A instalação da comissão foi marcada por manobras políticas e discussões acaloradas. Três deputados do PSB migraram para outros partidos ligados ao bloco governista, alterando a composição e garantindo maioria à oposição. Aliados da governadora alegaram ilegalidade e chegaram a pedir a anulação da CPI, mas a Justiça negou.
Após horas de debate, foram escolhidos os integrantes da mesa diretora:
- Diogo Moraes (PSDB) – Presidente
- Antônio Coelho (União Brasil) – Vice-presidente
- Waldemar Borges (MDB) – Relator
Além deles, integram a comissão: Rodrigo Farias (PSB), Dani Portela (PSOL), João Paulo (PT), Nino de Enoque (PL), Wanderson Florêncio (Solidariedade) e Antônio Moraes (PP).
Parlamentares governistas deixaram a reunião em protesto, alegando falta de legitimidade. “Foram feitas manobras para alterar a composição. A CPI já nasce sem credibilidade”, afirmou a deputada Socorro Pimentel (UB).
O presidente da CPI, Diogo Moraes, rebateu e prometeu imparcialidade: “É nossa obrigação apurar os fatos com responsabilidade e garantir ampla defesa.” Já Waldemar Borges declarou que os indícios são “graves” e precisam ser investigados com isenção.
A denúncia da deputada Dani Portela (PSOL) cita, além da suposta ligação de um parente da governadora com a agência vencedora, a prorrogação irregular de contratos desde 2019, que já teria gerado R$ 100 milhões em despesas extras.
O governo de Pernambuco nega qualquer irregularidade e afirma que o processo licitatório seguiu critérios técnicos, objetivos e públicos, em conformidade com a lei e a jurisprudência do TCU. A E3 Comunicação também nega fraude e diz que venceu a licitação junto com outras três empresas, dentro das regras previstas.
A CPI agora terá a missão de colher depoimentos, reunir documentos e produzir um relatório final que será entregue ao plenário da Alepe.

CPI da Publicidade instala “guerra política” na Alepe com suspeitas de R$ 1,2 bilhão
Oposição conquista maioria após manobra partidária e promete investigar “gabinete do ódio” e nepotismo na gestão Raquel Lyra.
A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) instalou nesta terça-feira (19) a CPI da Publicidade em meio a intenso clima político, com a oposição conquistando controle da comissão após manobra que envolveu troca de partidos de três deputados do PSB. A investigação foca contratos de R$ 1,2 bilhão e suspeitas de um “gabinete do ódio” financiado com dinheiro público.
A manobra que mudou o jogo
Nos últimos dias, três deputados do PSB migraram estrategicamente para partidos governistas, garantindo à oposição cinco dos nove assentos na CPI:
- Diogo Moraes (PSB → PSDB) – eleito presidente
- Waldemar Borges (PSB → MDB) – eleito relator
- Júnior Matuto (PSB → PRD)
A articulação provocou revolta na base governista. “Não concordamos com as manobras feitas para alterar a composição da comissão”, protestou a líder do governo, deputada Socorro Pimentel, que classificou as mudanças como ilegítimas.

Composição final da CPI
Oposição (5 membros):
- Diogo Moraes (PSDB) – Presidente
- Waldemar Borges (MDB) – Relator
- Antônio Coelho (União Brasil) – Vice-presidente
- Rodrigo Farias (PSB)
- Dani Portela (PSOL)
Governo (4 membros):
- João Paulo (PT)
- Nino de Enoque (PL)
- Wanderson Florêncio (Solidariedade)
- Antônio Moraes (PP)
As principais suspeitas
1. Nepotismo empresarial
A CPI investiga se Waldemiro Ferreira Teixeira, primo da governadora Raquel Lyra, seria “sócio oculto” da agência E3 Comunicação Integrada, vencedora de licitação bilionária. Evidências incluem:
- E3 abriu filial no Recife em imóvel de propriedade do primo da governadora
- Funcionária da empresa Makplan (de Teixeira) migrou para a E3 no mesmo mês
- Contrato pode chegar a R$ 1,2 bilhão em 10 anos
2. Prorrogações irregulares
Outro contrato, firmado em 2019, foi prorrogado mais de sete vezes, ultrapassando o limite legal de cinco anos e custando R$ 100 milhões adicionais aos cofres públicos.
3. “Gabinete do ódio” digital
A deputada Dani Portela (PSOL) denuncia uso de verbas públicas para financiar rede de perfis que atacam opositores, incluindo:
- Página “PE Tá Ligado” (recebeu R$ 97 mil em 2024)
- Grupo no WhatsApp “Pernambuco Boas Notícias”
- Ataques coordenados contra 16 deputados e órgãos como TCE-PE
Guerra jurídica paralela
A deputada governista Débora Almeida (PSDB) entrou com mandado de segurança questionando a validade da composição da CPI, argumentando que Diogo Moraes não poderia representar o PSDB por estar filiado há menos de seis meses.
O juiz Fernando Jorge Ribeiro Raposo rejeitou o pedido, considerando que se trata de “gestão interna” partidária, não cabendo interferência judicial.
Reações dos envolvidos
Diogo Moraes prometeu conduzir os trabalhos com “responsabilidade e imparcialidade”, negando que a troca partidária tenha relação com a CPI.
Waldemar Borges afirmou que a comissão vai apurar “com isenção” os “indícios graves” de irregularidades.
O governo estadual defendeu que o processo licitatório seguiu “critérios técnicos, objetivos e públicos”, respeitando princípios constitucionais e jurisprudência do TCU.
Waldemiro Teixeira negou ser “direta ou indiretamente sócio” de qualquer agência participante da licitação.
Dimensão dos contratos
A investigação abrange:
- Contrato principal: R$ 120 milhões anuais, podendo chegar a R$ 1,2 bilhão em 10 anos
- Agências envolvidas: E3 Comunicação, Nova SB, Agência UM e BTS
- Contratos de influenciadores: Valores entre R$ 5 mil e R$ 50 mil
- Gastos questionados: Mais de R$ 100 milhões em prorrogações irregulares
Cronograma da CPI
A comissão terá 120 dias para concluir os trabalhos, podendo ser prorrogada por mais 90 dias. O foco será:
- Analisar processo licitatório das agências
- Investigar suposta sociedade oculta
- Apurar uso de recursos para “gabinete do ódio”
- Examinar prorrogações contratuais irregulares
Impacto político
A CPI promete esquentar o cenário político pernambucano a menos de dois anos das eleições de 2026, quando Raquel Lyra deve enfrentar o prefeito do Recife, João Campos (PSB), seu principal adversário.
A investigação também pode ter desdobramentos no Ministério Público e Tribunal de Contas, ampliando o escrutínio sobre a gestão estadual da publicidade pública.
Próximos passos
A CPI deve começar os trabalhos na próxima semana, com convocação de representantes das agências investigadas e análise de documentos contratuais. A oposição promete “transparência total” nas investigações, enquanto o governo trabalha para minimizar desgastes políticos.
*Procurados, a E3 Comunicação e a Arrudeio Comunicação não responderam até a publicação desta reportagem.