🔥 Ex-ministro de Bolsonaro deixa prisão após decisão de Moraes; PF o investiga por tentativa de fraude com passaporte português
Gilson Machado foi preso em Boa Viagem e levado ao Cotel, mas teve liberdade concedida pelo ministro do STF após negar envolvimento no caso Mauro Cid
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou soltar, na noite desta sexta-feira (13), o ex-ministro do Turismo Gilson Machado (PL), preso preventivamente horas antes por suspeita de tentar ajudar o tenente-coronel Mauro Cid a deixar o Brasil ilegalmente.
Segundo a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República (PGR), Machado procurou o consulado de Portugal no Recife, em 12 de maio, com o objetivo de conseguir um passaporte português para Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) e delator no inquérito que investiga uma trama golpista. O documento não chegou a ser emitido.
Na decisão que revogou a prisão, Moraes afirmou que, “com as diligências já realizadas”, a detenção de Machado “não se faz mais necessária”, podendo ser substituída por medidas cautelares: cancelamento do passaporte, proibição de deixar o país e de se comunicar com outros investigados.
NOTA OFICIAL DE GILSON MACHADO
“Recebo com alívio a notícia da soltura do meu pai, Gilson Machado, ex-ministro do Turismo do Brasil. A decisão do Ministro Alexandre de Moraes, autorizada a pedido da Procuradoria-Geral da República, é uma resposta àqueles que sempre acreditaram na sua honestidade, na sua história e na sua vida dedicada ao nosso país.
Agradeço a todos que oraram, enviaram mensagens de apoio e não se calaram diante de tamanha injustiça. Meu pai é um homem íntegro, trabalhador, que jamais se escondeu ou temeu prestar contas de seus atos.
Seguimos firmes com a verdade, com a cabeça erguida e a consciência tranquila.”
Gilson Machado Filho.
PF vê tentativa de fuga e obstrução de investigação
Para a PGR, há fortes indícios de que Machado tentou facilitar uma fuga internacional de Mauro Cid, que prestou novo depoimento nesta sexta-feira. Segundo o procurador-geral Paulo Gonet, a articulação teria ocorrido no momento em que a instrução processual do caso se aproxima do fim.
Gonet apontou indícios dos crimes de favorecimento pessoal e obstrução de justiça. Em manifestação sigilosa ao STF, afirmou que Machado e Cid buscavam “alternativas para viabilizar a saída de Cid do País, furtando-se à aplicação da lei penal”.
A PF monitorava Gilson desde maio, após ele lançar uma “vaquinha” para ajudar Bolsonaro a quitar despesas legais. A movimentação foi considerada suspeita após a família de Cid viajar aos Estados Unidos no fim de maio — o que contribuiu para o pedido de prisão.
Machado nega trama e diz que pedido era para o pai
Em depoimento à PF, o ex-ministro negou ter feito qualquer solicitação em nome de Mauro Cid e disse que seu último contato com o militar foi em 2022. À imprensa, afirmou que o contato com o consulado foi feito por telefone para renovar o passaporte do pai, de 85 anos.
“Não matei, não trafiquei. Apenas pedi um passaporte para meu pai”, declarou.
A defesa de Machado disse não ter tido acesso aos autos e considera a prisão “injustificada”.
Mauro Cid: delação, pressão e possível revés
O acordo de colaboração firmado por Cid obriga o ex-ajudante de Bolsonaro a cooperar plenamente com as investigações — qualquer tentativa de fuga pode ser interpretada como violação do acordo. O benefício da delação pode ser revogado, caso fique comprovada tentativa de atrapalhar o andamento do processo.
Na última semana, Cid, Bolsonaro e outros aliados foram interrogados no STF no âmbito da ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado.
🔍 Moraes dá 24 horas para a Meta entregar dados de perfil atribuído a Mauro Cid
Ministro do STF quer identificar quem controla contas suspeitas de pertencer ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; defesa fala em “falsidade grotesca”.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta sexta-feira (13) que a Meta, dona do Facebook e Instagram, entregue em 24 horas todas as informações que possam identificar os responsáveis por dois perfis de rede social atribuídos ao tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).
Segundo a decisão, a Meta deve preservar e repassar à Corte dados como:
- Nome completo e email cadastrado;
- Número de telefone vinculado;
- Outros logins acessados pelos mesmos dispositivos;
- Mensagens enviadas e recebidas entre 1º de maio de 2023 e 13 de junho de 2025.
Os perfis em questão são os de nome de usuário “@gabrielar702” e “Gabriela R”, supostamente usados por Cid para se comunicar nas redes sociais enquanto é alvo de investigação no processo sobre a tentativa de golpe de Estado.
Defesa nega autoria e fala em fraude processual
A defesa de Mauro Cid nega que ele tenha relação com os perfis e afirma que a vinculação é “uma falsidade grotesca”, supostamente criada para prejudicar o militar e usada como “prova plantada” no processo penal.
“Trata-se, sem sombra de dúvida, de uma falsidade grotesca, produzida para servir de prova no processo penal, sujeita, em tese, às sanções previstas no artigo 347 do Código Penal”, afirmaram os advogados, em referência ao crime de falsidade processual.
A defesa pediu que o próprio STF determine a abertura de investigação para apurar quem realmente controla os perfis.
Cid é delator e voltou à mira da PF
Mauro Cid prestou novo depoimento à Polícia Federal nesta sexta, após suspeitas de que ele estivesse planejando fugir do País. A PF apura se houve tentativa de obter um passaporte português com ajuda do ex-ministro Gilson Machado, preso e solto no mesmo dia por ordem de Moraes.
Cid é delator premiado no inquérito que apura a tentativa de golpe e já implicou Bolsonaro e militares de alta patente. Caso fique provado que tentou obstruir a Justiça, Cid pode perder os benefícios do acordo.