💣 Fraude milionária no Sertão: empresários do gesso são presos por desviar R$ 18 milhões com notas frias

Sete pessoas foram presas; grupo usava CPFs de pessoas vulneráveis e movimentou R$ 140 milhões ilegalmente no Polo Gesseiro do Araripe
Uma megaoperação policial revelou um dos maiores esquemas de fraude fiscal do Sertão pernambucano. Sete pessoas foram presas, entre elas três empresários e dois contadores do Polo Gesseiro do Araripe, suspeitos de sonegar R$ 18 milhões em impostos estaduais por meio de um sofisticado sistema de notas fiscais falsas.
Batizada de Operação Malta, a ação foi deflagrada no dia 15 de abril pela Polícia Civil e a Secretaria da Fazenda de Pernambuco, mas os detalhes foram revelados nesta terça-feira (22). Além das prisões, foram cumpridos 22 mandados de busca e apreensão e houve bloqueio judicial de R$ 6,3 milhões em bens, incluindo veículos de luxo avaliados em R$ 1,5 milhão.
🚨 Como funcionava o esquema?
Segundo o delegado Breno Varejão, responsável pela investigação, o grupo criou 42 empresas fantasmas — conhecidas como “noteiras” — para emitir notas fiscais frias e acobertar o transporte ilegal de gesso para outras regiões do país. Os empresários usavam CPFs de pessoas desempregadas ou em situação de vulnerabilidade social para registrar os CNPJs.
“A fraude permitia a circulação ilegal do gesso. Eles simulavam operações entre empresas fictícias para esconder o faturamento real e fugir da cobrança de impostos”, afirmou o delegado.
O esquema teria movimentado R$ 140 milhões ao longo de dois anos e pode ter envolvimento de pelo menos outros 10 empresários, que agora estão sob investigação por sonegação fiscal, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e falsificação de documentos.
📍 Por que isso importa?
O Polo Gesseiro do Araripe, situado em cidades como Araripina, Trindade, Ouricuri, Ipubi e Bodocó, é responsável por 97% da produção nacional de gipsita, matéria-prima do gesso. A indústria é vital para a construção civil e a economia da região — e práticas como essa, segundo a Secretaria da Fazenda, criam concorrência desleal.
“Um dos presos é reincidente, já havia sido indiciado por sonegação em 2019. O combate à fraude é um pedido dos próprios empresários legais do setor”, destacou Antônio Emery, diretor da Secretaria da Fazenda.
📉 Impacto ambiental e econômico
Além do prejuízo fiscal, a indústria do gesso também levanta alertas ambientais, especialmente pelo avanço sobre áreas da Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro. O tema tem sido alvo de debates entre ambientalistas e o setor produtivo.