💥 Celular virou luxo: preço médio dispara 88% em 1 ano e vendas desabam no Brasil
Alta do dólar, juros, 5G, IA e guerra comercial criam ‘tempestade perfeita’ para quem precisa trocar de aparelho

Trocar de celular virou um pesadelo para o bolso dos brasileiros. Em apenas um ano, o preço médio dos smartphones subiu 88%: passou de R$ 1.361 no primeiro trimestre de 2024 para R$ 2.557 no mesmo período deste ano, segundo dados inéditos da consultoria IDC.
A escalada de preços ocorre num momento de grande transição tecnológica, com modelos cada vez mais sofisticados, equipados com inteligência artificial (IA), conectividade 5G e chips de última geração. Mas também reflete fatores externos: dólar alto, juros proibitivos, e guerra comercial entre China e EUA, que desorganiza cadeias de produção e encarece componentes importados.
O resultado é visível nas prateleiras: mesmo com emprego em alta, as vendas de celulares caíram quase 10% em um ano. Para muitos consumidores, um novo aparelho se tornou um item de luxo.
Tempestade perfeita
“A alta dos preços é consequência de uma tempestade perfeita”, diz Reinaldo Sakis, diretor de Pesquisas da IDC. Segundo ele, o impacto vem de todos os lados: cenário macroeconômico global instável, dólar pressionado, juros elevados no Brasil (que chegaram a 14,75% ao ano) e a própria revolução tecnológica do setor.
“Hoje, metade dos smartphones vendidos já é 5G. Essa nova geração exige chips mais potentes e baterias mais robustas. Tudo isso custa mais caro”, resume Sakis.
Reação das marcas: celulares mais baratos, mas ainda tecnológicos
Para tentar conter a queda nas vendas, as grandes marcas mudaram de estratégia. Apple, Samsung, Realme, Oppo e Jovi estão nacionalizando a produção, apostando em modelos mais acessíveis — mas sem abrir mão da conectividade 5G e da IA, que viraram padrão da indústria.
A Apple, por exemplo, lançou em fevereiro o iPhone 16e, versão mais econômica do seu flagship, com IA integrada e preço sugerido de R$ 5.799 — quase R$ 2 mil abaixo do modelo regular. Pela primeira vez, ele será fabricado no Brasil, numa planta da Foxconn, em São Paulo.
Já a Samsung, líder do mercado, apresentou em abril o Galaxy A06 5G, modelo de entrada vendido por R$ 899 com operadoras. E anunciou também uma versão mais “light” da linha premium S25 Edge, com IA e preço reduzido.
“É um novo movimento nos aparelhos de entrada. Estamos trazendo recursos antes exclusivos da categoria intermediária”, disse Gustavo Assunção, VP da Samsung Brasil.
Varejo reage, teles voltam a vender aparelhos
No varejo, a competição aumentou, com mais descontos e parcelamentos alongados. As operadoras de telefonia também voltaram a atuar com força nas vendas de aparelhos, oferecendo subsídios e prazos acima de 20 meses.
Em 2025, Claro, Tim e Vivo responderam por 12,15% das vendas de celulares, contra 9,28% no ano anterior, segundo a IDC.
Corrida chinesa: fábricas no Brasil
O Brasil virou destino prioritário para fabricantes chineses. A Realme, por exemplo, começou a produção na Zona Franca de Manaus e anunciou o modelo 14T 5G a R$ 1.799, além da linha premium GT 7, com IA embarcada. A meta é fabricar 28 mil unidades por mês e abrir 10 lojas físicas no país até o fim do ano.
A Oppo também fechou parceria com a brasileira Multilaser e já fabrica no país. Modelos como Reno 13 e 13F chegam com preços a partir de R$ 3.699.
“Queremos alcançar a vice-liderança entre as marcas Android até 2029”, afirma André Alves, gerente da Oppo.
Já a Jovi, braço da chinesa Vivo Mobile, começa a produção este mês em Manaus e promete smartphones competitivos, com componentes locais e parcerias com redes de varejo e operadoras.
E o consumidor?
Para o consumidor, a saída é pesquisar muito. O administrador Rudá Simões precisou trocar de celular às pressas depois que o aparelho quebrou no domingo. “Fiquei chocado com os preços. Pesquisei bastante até encontrar uma boa oferta”, contou ele, que conseguiu um iPhone com bom parcelamento após comparar preços entre operadoras e varejistas.
📱 Preço médio dos smartphones no Brasil subiu 88% em um ano, passando de R$ 1.361 para R$ 2.557 entre o 1º trimestre de 2024 e o de 2025 (dados da IDC).
📉 Vendas caíram quase 10% no período, mesmo com desemprego em baixa e renda em alta.
💵 Alta do dólar, juros elevados (14,75% ao ano) e restrições do crédito ajudaram a disparar os preços.
🌐 Avanço tecnológico do 5G e da inteligência artificial (IA) encareceu os aparelhos por demandar chips mais potentes e baterias reforçadas.
🌎 Guerra comercial entre EUA e China e o “tarifaço” de Donald Trump bagunçaram as cadeias globais de produção e logística, afetando o setor.
🏭 Fabricantes apostam na produção nacional para conter custos — Apple, Samsung, Realme, Oppo e Jovi já fabricam ou anunciaram fábricas no Brasil.
🍏 Apple lançou o iPhone 16e por R$ 5.799, com IA integrada e produção nacional — quase R$ 2 mil mais barato que a versão regular.
📶 Samsung lançou o Galaxy A06 5G por R$ 899, seu modelo 5G mais barato, e criou versão “light” da linha premium S25.
🛍️ Operadoras voltam a vender celulares com força, oferecendo parcelamentos acima de 20 meses e focando em planos com 5G.
🏗️ Realme e Oppo ampliam presença no país, com metas agressivas de produção e abertura de lojas físicas e centros de serviços.
🛑 Mercado ilegal ainda representa cerca de 20% das vendas no Brasil, pressionando preços e desafiando fabricantes oficiais.