💥 Gleisi reage a críticas e diz que derrubada do novo IOF pode cortar emendas de parlamentares
Gleisi Hoffmann alerta: se Congresso derrubar novo IOF, emendas parlamentares podem ser cortadas

A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), afirmou nesta segunda-feira (16) que, caso o Congresso suspenda os efeitos da Medida Provisória que aumenta o IOF sobre determinados investimentos, o governo federal terá que fazer novos cortes no orçamento — atingindo, inclusive, emendas parlamentares.
A declaração foi dada em entrevista ao jornal Valor Econômico, no mesmo dia em que a Câmara dos Deputados vota um pedido de urgência para o projeto que pode anular o aumento do IOF sobre LCI e LCA. “Sempre caberá ao Congresso 25% do contingenciamento, porque as emendas parlamentares são parte dos recursos discricionários. Eles já estão impactados com o corte que foi feito. O Congresso aprovou essas regras. Então, bate aqui e bate lá”, afirmou Gleisi.
Ministra critica ‘gritaria’ contra imposto sobre rentistas
Gleisi também reagiu às críticas do mercado e de parte do Congresso à taxação de 5% sobre as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA), propostas como alternativa ao aumento do IOF. “Não compreendo a gritaria. Estamos falando de cobrar imposto de rentista. Hoje há R$ 1,7 trilhão nesses fundos. Por que não podem pagar um pouco?”, questionou.
A ministra destacou a disparidade entre investidores isentos e trabalhadores que pagam até 27,5% de imposto de renda. “O rentista ganha dos dois lados e não paga nada. Já uma professora, uma empregada doméstica, paga imposto. É uma gritaria muito injusta.”
Hostilidade no Congresso e emendas atrasadas
Hoffmann reconheceu o mal-estar no Congresso e o impacto político da demora no pagamento das emendas. “Estamos num ano pré-eleitoral. Os deputados estão em suas bases, conversando com prefeitos. Isso influencia no humor parlamentar. Mas não tem como fazer milagre”, disse.
Ela rebateu a acusação de que o Planalto estaria retendo propositalmente as emendas: “Não houve intenção de prender o Orçamento. Zero. O que há é falta de espaço fiscal.”
Tensão com a Câmara e possível acordo
Nos bastidores, o clima se deteriorou após a publicação da MP no Diário Oficial da União. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que inicialmente endossava o acordo, mudou de postura e passou a criticar a medida. “Não fui eleito presidente da Câmara para servir a projeto político de ninguém”, declarou.
Gleisi minimizou a tensão: “Vejo que Motta sofre muita pressão de parlamentares e do mercado. Ele apenas deu vazão a essas vozes. Ainda acredito em um bom termo.”
“Combater privilégios é medida estruturante”, diz ministra
A petista rebateu críticas de que o governo não apresentou reformas estruturais. Para ela, combater benefícios fiscais bilionários é sim uma medida de longo prazo: “Atacar privilégios tributários é estruturante. Drena o Orçamento e perpetua injustiças sociais.”
Ela mencionou que o pacote inclui ações de contenção de gastos, como mudanças no Seguro Defeso e no programa Pé-de-Meia, além de prometer, para um segundo momento, propostas como o fim dos supersalários e a revisão da previdência militar.