💰 “Farra do INSS”: investigados gastaram R$ 35 milhões com 47 imóveis em 8 anos

Esquema apurado pela PF envolve compra de imóveis de luxo, veículos e até offshore nas Ilhas Virgens; suspeitos teriam usado dinheiro desviado de aposentados
🕵️♀️ A Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, identificou que investigados por fraudes no INSS compraram pelo menos 47 imóveis entre 2018 e 2025, movimentando cerca de R$ 35 milhões. Os bens incluem salas comerciais, apartamentos, terrenos e casas de alto padrão — alguns pagos à vista e outros por empresas com faturamento incompatível com os valores investidos.
Como funcionava
A PF aponta que recursos obtidos por meio de descontos indevidos sobre aposentadorias e pensões foram usados por líderes sindicais, consultores e até ex-diretores do INSS para aquisição dos imóveis. A principal beneficiária das verbas foi a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), que teria recebido mais de R$ 2 bilhões ao longo do período investigado.
Principais alvos
- Silas Bezerra de Alencar e Wagner Ferreira Moita, sócios da empresa Orleans Viagens, compraram 16 salas comerciais em São Bernardo do Campo (SP), além de um apartamento em Diadema e 11 veículos. As transações somam mais de R$ 5 milhões.
- O diretor da Contag, Alberto Ercílio Broch, comprou um apartamento de R$ 1,6 milhão em Brasília em setembro de 2023. Ele foi o responsável por assinar o acordo com o INSS que abriu as portas para os repasses à confederação.
- Thaisa Daiane Silva, secretária-geral da entidade, comprou uma casa e uma gleba de terra no Mato Grosso do Sul por R$ 600 mil.
- Edjane Rodrigues Silva, também da Contag, adquiriu um apartamento de R$ 330 mil no DF em 2021.
Rastro de luxo
- Maria Paula Oliveira, da Xavier Fonseca Consultoria, comprou um apartamento de R$ 770 mil em Curitiba.
- O ex-procurador-geral do INSS, Virgílio Antonio Ribeiro de Oliveira Filho, adquiriu quatro imóveis entre 2020 e 2023, avaliados em R$ 4,6 milhões. Ele foi exonerado em abril, após a revelação do esquema.
- Sua esposa, Thaisa Hoffmann Jonasson, sócia da THJ Consultoria, também comprou três imóveis por R$ 2 milhões no Paraná.
A face do esquema: “Careca do INSS”
O lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, é apontado como um dos principais operadores da fraude. A investigação mostra que ele:
- Comprou uma casa de R$ 3 milhões à vista no Lago Sul (DF), em 2024.
- Investiu R$ 216 mil em terreno e casa em Vicente Pires (DF).
- Transferiu recursos para uma empresa nos EUA e criou uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, a Camilo & Antunes Limited, que investiu R$ 11 milhões em quatro imóveis de luxo em Brasília e São Paulo.
Justiça nega bloqueio de bens
Apesar dos indícios, a Justiça Federal ainda não autorizou o sequestro dos bens. O juiz Frederico Viana entendeu que não há provas “veementes” de que os imóveis foram comprados com dinheiro ilícito — decisão que deve ser contestada pela PF nas próximas fases da operação.
Contexto
A operação mira um esquema que envolveu descontos em folha de mais de 1,3 milhão de beneficiários do INSS para entidades sindicais e empresas de fachada, com suspeita de corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Os prejuízos podem ultrapassar R$ 2 bilhões.
“Farra do INSS”
- Esquema bilionário: Operação da Polícia Federal investiga fraudes que desviaram mais de R$ 2 bilhões de aposentadorias e pensões do INSS.
- Compra de 47 imóveis: Investigados adquiriram 47 propriedades entre 2018 e 2025, somando R$ 35 milhões, muitas vezes com pagamento à vista.
- Empresa laranja: A Orleans Viagens, de Silas Bezerra e Wagner Moita, comprou 16 salas comerciais, um apartamento e 11 veículos, apesar de ter faturamento incompatível.
- Contag no centro do esquema: A confederação, que recebeu os recursos por acordo com o INSS, teve diretores e secretárias comprando imóveis de alto padrão em Brasília, Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo.
- Ex-procurador envolvido: Virgílio Antonio Ribeiro, ex-chefe jurídico do INSS, comprou quatro imóveis de R$ 4,6 milhões antes de ser exonerado.
- O “Careca do INSS”: Antônio Carlos Camilo Antunes, apontado como operador do esquema, comprou imóveis de luxo, transferiu recursos ao exterior e criou uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas que investiu R$ 11 milhões em imóveis.
- Justiça não bloqueou bens: Apesar dos indícios, a Justiça Federal negou o sequestro patrimonial por considerar frágeis os vínculos diretos com o dinheiro desviado.