💰 Shows gospel de até R$ 250 mil pagos com dinheiro público viram alvo do Ministério Público
Contratos sem licitação, cachês milionários e festivais religiosos bancados por prefeituras acendem alerta de órgãos de controle

Nos últimos anos, prefeituras de diversas cidades brasileiras têm desembolsado valores milionários para contratar cantores gospel em eventos públicos. Os cachês pagos — muitas vezes superiores a R$ 200 mil por apresentação — estão chamando atenção de órgãos de controle e gerando uma série de questionamentos legais e éticos.
Um levantamento feito com base em portais da transparência, diários oficiais e documentos públicos de 2024 e 2025revela que artistas renomados do segmento gospel receberam cifras expressivas para cantar em praças públicas financiadas com verba pública.
Entre os exemplos:
- 🎤 Aline Barros: recebeu R$ 250 mil para se apresentar em Santa Maria da Boa Vista (PE).
- 🎤 Cassiane: cachê de R$ 220 mil pago pela Prefeitura de Caruaru (PE).
- Outros nomes como Maria Marçal, Bruna Karla e Thalles Roberto também constam em contratos de valores elevados.
❌ Contratos sem licitação na mira do MP
Grande parte dessas contratações ocorre sem licitação, por meio de mecanismos de inexigibilidade, o que facilita acordos diretos com os artistas — e levanta suspeitas.
O Ministério Público do Maranhão, por exemplo, questionou a Prefeitura de Zé Doca após a gestão substituir o carnaval por um evento gospel que consumiu R$ 605 mil em recursos públicos.
Já em Minas Gerais, um relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG) apontou que as prefeituras gastaram cerca de R$ 424 milhões com shows em 2024 — quase 40% a mais do que em 2023. Parte desse montante foi destinada a eventos de caráter religioso, muitos deles com pouca transparência sobre os critérios de contratação.
🎪 Cultura ou desvio de finalidade?
As prefeituras costumam justificar os altos cachês como investimentos em cultura e turismo, alegando que os eventos movimentam o comércio local e atraem visitantes. No entanto, críticos e especialistas em direito público alertam que a prática pode configurar uso indevido de recursos públicos, sobretudo quando há ausência de critérios objetivos e concorrência entre propostas.
Além disso, a destinação de verbas públicas para eventos com viés religioso específico levanta discussões sobre a laicidade do Estado e a isonomia no acesso a recursos da cultura.
🕵️♂️ Investigações em curso
O Ministério Público tem intensificado a fiscalização dessas contratações em todo o país. Em alguns estados, já foram abertos inquéritos civis para apurar possíveis irregularidades, apurar se houve favorecimento indevido, sobrepreço ou falta de transparência.
A expectativa é de que novas investigações sejam abertas nos próximos meses, à medida que mais contratos são revelados por meio da Lei de Acesso à Informação e denúncias de cidadãos.
📌 Em resumo:
- Prefeituras estão pagando até R$ 250 mil por shows gospel com verba pública.
- Grande parte das contratações ocorre sem licitação.
- Ministério Público e Tribunais de Contas investigam possíveis irregularidades.
- Debate sobre uso de dinheiro público em eventos religiosos se intensifica.