💸 Deputado recebeu R$ 5,4 milhões de entidade suspeita de fraude bilionária contra aposentados do INSS

Edson Araújo (PSB-MA) é investigado por repasses milionários ligados ao esquema que usou associações de pesca para descontar valores indevidos de benefícios.
O deputado estadual Edson Araújo (PSB-MA) recebeu R$ 5,4 milhões em um ano de uma entidade suspeita de envolvimento no esquema bilionário que fraudou descontos em aposentadorias do INSS. A investigação da Polícia Federal aponta que os repasses partiram da Federação das Colônias de Pescadores do Maranhão, ligada à Confederação Brasileira dos Trabalhadores de Pesca e Aquicultura (CBPA), principal alvo do inquérito.
Os pagamentos ocorreram entre maio de 2023 e maio de 2024, logo após a CBPA firmar um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com o INSS, que permitiu descontos associativos diretamente na folha de pagamento dos aposentados. A confederação arrecadou R$ 99 milhões a partir de 2023, muitos deles oriundos de cobranças indevidas.
Edson Araújo, que já foi presidente da federação maranhense e 2º vice da CBPA, recebeu os valores enquanto ocupava o cargo de secretário estadual da Pesca no Maranhão. Segundo a PF, as movimentações financeiras são “desconexas com a capacidade econômica” do parlamentar e levantam suspeitas de ocultação de patrimônio e sonegação fiscal.
Em razão do foro privilegiado de Edson Araújo, o juiz Frederico Botelho Viana, da 15ª Vara Criminal do DF, encaminhou o caso para o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). A defesa do deputado foi procurada, mas não se manifestou até a publicação desta reportagem.
Em relatório obtido pela PF, os investigadores destacam que os repasses “muito possivelmente” ocorreram no exercício de funções públicas, considerando o histórico político de Araújo, sempre ligado à área pesqueira e às entidades investigadas.
Esquema no INSS
A CBPA foi criada em 2020 e, dois anos depois, assinou com o INSS o acordo que lhe deu acesso aos sistemas do Dataprev. Com isso, passou a incluir em massa dados de aposentados para cobrar mensalidades, muitas vezes sem autorização.
Segundo a Controladoria-Geral da União (CGU), a operação transformou o INSS em uma “indústria de descontos indevidos”, atingindo especialmente moradores de áreas rurais. “Há fortes indícios de que esta lista apresentada ao INSS/DATAPREV é falsa, contendo pessoas […] que não autorizaram o desconto associativo”, diz o relatório da PF.