💸 “TJPE virou caixa eletrônico de quadrilha”: Servidores são condenados por desviar R$ 6,4 milhões com alvarás falsos

Um esquema criminoso dentro do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) resultou na condenação de quatro servidores por desviar cerca de R$ 6,4 milhões em alvarás judiciais fraudulentos. O líder do esquema, Esdras David Veras Ferreira, ex-chefe de secretaria da 23ª Vara Cível do Recife, foi sentenciado a impressionantes 141 anos de prisão, além de 3.248 dias-multa, pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Segundo sentença publicada nesta quinta-feira (5) pela Vara dos Crimes Contra a Administração Pública da Capital, Esdras usava indevidamente o nome e a assinatura de uma juíza para emitir alvarás em nome de comparsas — todos sem vínculo com os processos judiciais. O golpe operava desde 2018 e envolvia movimentações bancárias de quase R$ 11 milhões, muito acima dos rendimentos declarados pelo servidor.

A quadrilha se valia da estrutura do próprio Judiciário para drenar os valores. “Ele era o responsável pela confecção dos alvarás, pelo trâmite interno dos documentos e pelo envio aos bancos”, destacou a juíza Roberta Vasconcelos Nogueira. A defesa de Esdras chegou a admitir os desvios, alegando que ele aproveitava valores “esquecidos” em processos parados.

Outros três réus também foram condenados:

  • Taciana Lima dos Santos, servidora e ex-companheira de Esdras, foi sentenciada a 13 anos e 2 meses. Ela participou da lavagem de dinheiro por meio da compra de bens.
  • Gilson Nogueira da Silva, apontado como “laranja” de Esdras, recebeu 83 anos e 5 meses. Ele movimentava dinheiro em nome próprio e cedia contas bancárias para esconder a origem dos recursos.
  • Vitor Manoel de Lira Simão foi condenado a 22 anos e 7 meses, também por atuar como operador financeiro do grupo.

Todos os réus permanecem presos preventivamente desde abril de 2024 e deverão pagar indenizações de mais de R$ 18 milhões por danos materiais e morais coletivos ao TJPE.

O Ministério Público afirmou que o esquema era sofisticado, com divisão de tarefas, uso de “testas de ferro” e tentativa sistemática de ocultar a origem ilícita do dinheiro. “A conduta foi altamente lesiva à moralidade administrativa e ao erário público”, diz a sentença.

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