🔴 PF APONTA SENADOR COMO “SUSTENTÁCULO POLÍTICO” EM ESQUEMA BILIONÁRIO DE DESVIOS NO INSS
Investigação descreve rede de assessores, empresários e servidores ligados a Weverton Rocha; ministro do STF cita indícios, mas nega prisão por falta de prova direta

A Polícia Federal traçou uma teia de relações políticas, empresariais e funcionais em torno do senador Weverton Rocha (PDT-MA) no esquema de descontos associativos fraudulentos aplicados a aposentadorias e pensões do INSS, que teria movimentado valores bilionários.
De acordo com a investigação, o senador era apontado como “liderança e sustentáculo das atividades empresariais e financeiras” de Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, considerado peça central da organização criminosa.
Na decisão que autorizou buscas e apreensões, o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), destacou que os principais investigados mantinham vínculos estreitos com agentes políticos, especialmente com um senador da República, o que teria ampliado a capacidade de influência e a blindagem institucional do grupo.
“Os investigados mantinham vínculos estreitos com agentes políticos, especialmente um Senador da República, que figuraria como sustentáculo político da operação criminosa”, afirmou o ministro.
“SÓCIO OCULTO” E BENEFICIÁRIO FINAL
Segundo a representação da Polícia Federal, Weverton Rocha teria atuado como “beneficiário final” ou “sócio oculto”de operações financeiras estruturadas pela organização criminosa, recebendo recursos ou vantagens por meio de interpostas pessoas, incluindo assessores parlamentares.
Um dos nomes centrais apontados no entorno do senador é o empresário Gustavo Marques Gaspar, ex-assessor de Weverton entre 2019 e 2023 e descrito pela PF como braço direito do parlamentar nos bastidores. De acordo com os investigadores, Gaspar integrava o chamado “núcleo político-institucional” da organização criminosa, com atuação na lavagem de capitais, ocultação patrimonial e articulação política do esquema.
A PF relata que Gaspar foi nomeado assistente parlamentar sênior na liderança do PDT por indicação direta de Weverton, quando o senador comandava a bancada do partido no Senado. A função lhe teria garantido acesso privilegiado a ambientes decisórios, ampliando seu potencial de atuação no esquema ilícito.
Planilhas apreendidas na residência do Careca do INSS registram o pagamento de R$ 100 mil para uma pessoa identificada como “Gasparzinho”, que a Polícia Federal associa a Gustavo Gaspar.
CONEXÃO COM O MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA
A investigação também aponta encontros de Gaspar com o Careca do INSS no gabinete de Adroaldo Portal, então secretário-executivo do Ministério da Previdência Social, cargo que ocupa o segundo posto mais alto da pasta. Adroaldo foi demitido nesta quinta-feira após ser alvo da operação.
Adroaldo Portal também manteve vínculos com Weverton Rocha. Ele atuou como assessor do senador entre 2019 e 2023e, posteriormente, ocupou cargos estratégicos no ministério até chegar ao posto de número dois.
A PF descreve ainda movimentações financeiras consideradas suspeitas envolvendo Adroaldo, seu filho Eduardo Portal — atualmente ajudante parlamentar no gabinete de Weverton — e uma chefe de gabinete do Ministério da Previdência, que também já foi assessora do senador.
PRISÃO NEGADA, INVESTIGAÇÃO EM CURSO
Apesar de apontar “fortes indícios” da participação de Weverton Rocha no esquema, o ministro André Mendonça negou o pedido de prisão preventiva do senador. Segundo ele, a medida teria “efeitos drásticos” e exigiria extrema cautela.
O magistrado seguiu o entendimento do Ministério Público Federal (MPF), que se posicionou contra a prisão por considerar que o conjunto de provas ainda se baseia em inferências não consolidadas.
“Até o momento, não se demonstrou vínculo direto entre o parlamentar e a execução das condutas ilícitas, nem recebimento de valores ilícitos”, afirmou o MPF.
O órgão ressaltou que o simples fato de ex-assessores terem recebido recursos não autoriza automaticamente a responsabilização do titular do mandato, sem base fática robusta.
DEFESA DO SENADOR
Em nota, Weverton Rocha afirmou ter recebido com surpresa a realização de buscas em sua residência e disse que irá colaborar com as investigações. O senador declarou confiar nas instituições e destacou que a decisão do STF reconhece a ausência de provas diretas que o vinculem a práticas ilícitas.
“Relações profissionais de terceiros não podem ser usadas para imputar responsabilidade sem fatos concretos”, afirmou.
A investigação segue em andamento no âmbito da Polícia Federal e do Supremo Tribunal Federal.