🚇 Ramal Camaragibe do Metrô do Recife chega ao quinto dia parado e expõe colapso na infraestrutura do sistema

Após incêndio em trem, CBTU confirma danos graves e sem prazo para reabertura; passageiros enfrentam terminais lotados e atrasos em série

Ramal Camaragibe do Metrô do Recife completa, nesta sexta-feira (31)cinco dias consecutivos sem funcionar, escancarando o estado crítico da principal linha de transporte sobre trilhos da Região Metropolitana.
O trecho foi interditado desde sábado (25), depois que um trem com passageiros pegou fogo próximo à Estação Alto do Céu, na Zona Oeste.

Desde então, a rotina de quem depende do metrô se transformou em um caos diário: terminais integrados lotados, filas que dobram quarteirões e ônibus superlotados, com atrasos que se repetem em horário de pico.

De acordo com a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), ainda não há previsão para o retorno das operações.
Os técnicos constataram danos extensos à via férrea e à rede aérea de cabos elétricos, que precisará ser totalmente reconstruída.


⚠️ Cinco estações continuam interditadas

O bloqueio afeta cinco estações da Linha Centro:
Camaragibe, Cosme e Damião, Rodoviária, Curado e Alto do Céu.
O ramal conecta o bairro de Coqueiral, na Zona Oeste do Recife, ao Centro de Camaragibe, no limite da capital.

No Terminal Integrado (TI) de Camaragibe, a cena é de superlotação. Passageiros reclamam de ônibus atrasados, calor e desorganização.
A estudante Lara, que usa o transporte para ir à faculdade e ao estágio, contou à TV Globo:

“A semana inteira foi assim, ‘vuco-vuco’. Eles só liberam mais ônibus quando a reportagem chega, infelizmente.”

Ela afirmou que, se a situação persistir, vai precisar sair ainda mais cedo de casa para conseguir chegar ao trabalho.

Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM) informou que ativou uma linha emergencial entre o TI Camaragibe e o TI TIP, e que “técnicos estão ajustando o número de viagens conforme a demanda de passageiros”.


🔧 Reparo demorado e estrutura comprometida

Em nota divulgada na quarta-feira (29), a CBTU informou que o trecho só voltará a funcionar após a reconstrução da rede elétrica e a substituição de cabos, isoladores e componentes de alta tensão.
Os técnicos estimam que os trabalhos devem durar vários dias, mas sem data definida para reabertura.

O incêndio que paralisou o ramal também levantou questionamentos sobre a falta de manutenção preventiva e a obsolescência dos trens — alguns em circulação há mais de duas décadas.


💸 Privatização à vista e futuro incerto

Em maio deste ano, o governo federal autorizou o processo de privatização do Metrô do Recife, sob responsabilidade do Ministério dos Transportes e do BNDES.
leilão deve ocorrer até 2026, com previsão de gestão privada a partir de 2027.

O plano inclui investimentos em modernização de trens, sinalização e energia, mas não cobre emergências estruturais como a que paralisou o Ramal Camaragibe.


📉 Histórico de falhas

Esta não é a primeira vez que o metrô enfrenta colapsos operacionais.
Nos últimos dois anos, a CBTU registrou diversas panes elétricasincêndios em composições e interrupções prolongadas, sempre no mesmo trecho da Linha Centro.

Em 2023, um incidente semelhante na Estação Rodoviária deixou centenas de passageiros presos entre túneis e plataformas por mais de uma hora.


🚨 O que está em jogo

O apagão no Ramal Camaragibe escancara um problema crônico:
dependência de milhares de trabalhadores e estudantes de um sistema sucateado, inseguro e sem plano de contingência.

Enquanto o metrô segue parado e o conserto avança lentamente, o que resta ao usuário é a incerteza.
E uma pergunta que se repete nas plataformas vazias:
até quando o transporte público do Recife vai funcionar no improviso?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *