🚨 “Bebida da morte”: PF investiga intoxicações por metanol em São Paulo e possível rede nacional

A Polícia Federal abriu uma investigação para apurar a origem do metanol usado na adulteração de bebidas alcoólicas em São Paulo e verificar se a rede de distribuição se espalha por outros estados. A decisão foi anunciada nesta terça-feira (30) pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.
O metanol é altamente tóxico e pode causar cegueira e morte. Em São Paulo, já foram confirmados seis casos de intoxicação, com três mortes, além de outros dez em investigação. Um caso foi descartado.
Segundo Lewandowski, o “número elevado e inusitado” de ocorrências ligadas ao consumo de bebidas adulteradas foge do padrão histórico. Normalmente, os casos de intoxicação por metanol no país envolvem pessoas em situação de vulnerabilidade, e não consumidores em bares e casas noturnas.
“Determinamos à Polícia Federal que apure a procedência dessa droga e uma possível rede de distribuição que, ao que tudo indica, transcende São Paulo”, afirmou o ministro.
O Ministério da Saúde também classificou a situação como “anormal”, destacando que quase metade do número de casos anuais foi registrada apenas em setembro e concentrada no estado. Um alerta nacional foi emitido para hospitais e profissionais de saúde.
Como ocorre a adulteração das bebidas
Quadrilhas falsificam garrafas de marcas conhecidas, como gin e vodca, e adulteram o conteúdo com metanol. As garrafas são então comercializadas em adegas, bares e casas noturnas.
Os sintomas podem levar horas para aparecer e incluem fortes cólicas, vômito, perda de visão e, em casos graves, morte.
Entre as vítimas está Rafael dos Anjos Martins Silva, jovem internado em estado irreversível após consumir gin comprado em adega na Zona Sul de São Paulo. Outra vítima, Rhadarani Domingos, ficou cega depois de beber três caipirinhas em um bar no Jardim Paulista.
Suspeita de ligação com o crime organizado
O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, não descartou a hipótese de envolvimento do crime organizado. A suspeita é que o metanol usado na adulteração de bebidas seja o mesmo que vinha sendo importado ilegalmente para adulterar combustíveis — prática já atribuída ao PCC.
Segundo a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), após operações que fecharam distribuidoras ligadas ao esquema de combustíveis, grandes estoques de metanol podem ter sido desviados para destilarias clandestinas.
Recomendações às autoridades e população
- Estabelecimentos devem verificar procedência, rótulo, lacre e selo fiscal das bebidas.
- Consumidores devem evitar produtos de origem duvidosa e denunciar suspeitas.
- Em caso de sintomas, a recomendação é procurar imediatamente atendimento médico de emergência.
📞 O Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo atende nos números (11) 5012-5311 e 0800 771 3733.
🚨 “PF investiga se PCC está por trás de bebidas adulteradas com metanol: ‘Passa pela importação do Porto de Paranaguá’, diz diretor”
A Polícia Federal apura uma possível ligação entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e a onda de intoxicações causadas por bebidas adulteradas com metanol, álcool altamente tóxico e não destinado ao consumo humano.
O diretor-geral da PF, Andrei Augusto Passos Rodrigues, afirmou nesta terça-feira (30) que a investigação busca esclarecer se há conexão entre o crime organizado e a entrada ilegal da substância pelo Porto de Paranaguá (PR).
“Uma parte disso passa pela importação de metanol pelo Paranaguá. Portanto, a necessidade de entrarmos nesse caso. A investigação dirá se há conexão com o crime organizado”, disse Andrei.
Suspeita do PCC
A hipótese surgiu após a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) apontar que tanques de metanol apreendidos em operações contra distribuidoras de combustíveis ligadas ao PCC poderiam ter sido revendidos para destilarias clandestinas e quadrilhas de falsificadores de bebidas.
O secretário de Segurança de SP, Guilherme Derrite, porém, minimizou a participação direta da facção no caso.
Mortes e intoxicações
Até o momento, São Paulo confirmou três mortes por ingestão de bebidas “batizadas” com metanol. Há ainda um quarto óbito em investigação e outros dez casos suspeitos em análise.
Segundo o Ministério da Justiça, os episódios representam um surto fora do padrão, já que em 25 dias foram notificados nove casos de intoxicação grave — todos ligados ao consumo de gin, whisky e vodka adulterados.
Por que é perigoso?
O metanol (CH₃OH) é um álcool incolor, inflamável e de difícil detecção, usado legalmente em combustíveis e processos industriais. Em doses elevadas, provoca cegueira, convulsões e até morte.
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) só permite 0,5% de metanol em combustíveis. Em recente megaoperação, postos ligados ao crime organizado chegaram a comercializar gasolina com 90% da substância.
Alerta à população
O Centro de Vigilância Sanitária de SP recomenda que bares e consumidores verifiquem a procedência das bebidas. Sintomas de intoxicação incluem náusea, dor abdominal, visão turva, convulsões e taquicardia.
Em caso de suspeita, especialistas orientam buscar atendimento médico imediato.