🚨 Degradação da Amazônia dispara 163% e ameaça metas climáticas do Brasil às vésperas da COP30

🔬 Estudo do Inpe alerta para avanço silencioso da destruição florestal, puxado por queimadas e seca extrema. Brasil corre risco de descumprir compromissos internacionais.

Por Poder360

A degradação da Floresta Amazônica explodiu nos últimos dois anos e cresceu 163% entre 2022 e 2024, puxada principalmente por queimadas associadas à seca extrema que atingiu a região. O avanço silencioso desse processo, embora menos visível que o desmatamento total, já compromete a saúde do bioma e coloca em risco as metas climáticas assumidas pelo Brasil no Acordo de Paris.

O alerta é de um estudo publicado na revista Global Change Biology, assinado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), da USP, e de instituições dos Estados Unidos e Reino Unido.

Segundo o levantamento, 25.023 km² de floresta foram degradados apenas em 2024 – uma área maior que o Estado de Sergipe. Quase 66% desse total foi causado por incêndios florestais. No mesmo período, o desmatamento caiu 54,2%, atingindo o menor nível em 10 anos (5.816 km²).

“A degradação é mais difícil de ser detectada porque acontece com a floresta ainda em pé. Mas ela corrói a biodiversidade e compromete funções vitais como captura de carbono e regulação hídrica”, explica o pesquisador Guilherme Mataveli, do Inpe, primeiro autor do estudo.


🌡️ Seca extrema e recorde de focos de calor

O bioma amazônico enfrentou, entre 2023 e 2024, uma das piores estiagens da história recente. A seca provocou déficits de até 100 mm de chuva por mês, temperaturas acima de 3 °C e atrasou o início da estação chuvosa, deixando rios em níveis críticos.

Como consequência, foram registrados 140.328 focos de calor em 2024, o maior número desde 2007.


🌍 Desafio às vésperas da COP30

O Brasil sediará a COP30, em novembro, na cidade de Belém (PA). No evento, países deverão revisar suas metas climáticas (NDCs). O Brasil se comprometeu a reduzir de 59% a 67% das emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2035, em comparação com os níveis de 2005.

Mas os cientistas alertam que o avanço da degradação pode inviabilizar o cumprimento dessas metas.

“A liderança internacional do Brasil no combate às mudanças climáticas depende de respostas eficazes à degradação florestal”, afirma o pesquisador Luiz Aragão, coordenador do Programa Fapesp de Mudanças Climáticas Globais.

Ele destaca que satélites já permitem monitorar a degradação em tempo real, mensurar emissões e apoiar ações de gestão sustentável.


🌱 O que pode ser feito

O estudo sugere três frentes prioritárias:

  1. Controle e manejo de incêndios florestais
  2. Projetos de restauração e reflorestamento em larga escala
  3. Integração com mercados de carbono, para gerar incentivos econômicos a práticas sustentáveis

Além disso, os pesquisadores defendem o aprimoramento do rastreio da degradação, com mecanismos de responsabilização mais eficazes.


📊 Degradação vs. Desmatamento (2024)

IndicadorValor
Área degradada25.023 km²
Área desmatada5.816 km²
Proporção de incêndios66% da degradação
Focos de calor140.328 (recorde desde 2007)

🧪 O estudo contou com apoio da Fapesp e participação de outros nomes de destaque, como os pesquisadores Paulo Artaxo (USP) e Lucas Maure (Inpe).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *