💸 Fraude bilionária no INSS: CGU revela que 9 em cada 10 descontos foram feitos sem autorização
Auditoria aponta que 97,6% dos aposentados e pensionistas não reconhecem valores descontados de seus benefícios. Prejuízo pode ultrapassar R$ 6 bilhões.

Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) revelou um dos maiores escândalos recentes envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Entre abril e julho de 2024, 97,6% dos beneficiários entrevistados disseram nunca ter autorizado os descontos feitos em seus contracheques. O levantamento aponta que nove em cada dez descontos foram aplicados de forma irregular — e muitos sequer sabiam da existência das associações responsáveis pelas cobranças.
Dos 31 sindicatos e entidades auditadas, 24 apresentaram taxas superiores a 90% de irregularidade nos descontos. A investigação baseou-se em entrevistas com 1.273 aposentados e pensionistas de todas as regiões do país. Além disso, 95,9% declararam não fazer parte de nenhuma associação ou sindicato.
🎯 Operação Sem Desconto: esquema pode ter desviado R$ 6,3 bilhões
Os dados reforçam as suspeitas que embasaram a Operação Sem Desconto, deflagrada em abril de 2025 pela Polícia Federal e pela CGU. A ofensiva apura desvios bilionários em cobranças indevidas feitas diretamente na folha de pagamento do INSS, entre 2019 e 2024. O montante total descontado no período chega a R$ 6,3 bilhões, mas ainda não se sabe quanto desse valor é fraudulento.
Onze das 13 entidades investigadas já são alvos de inquérito.
A lista inclui nomes como:
- Ambec (Associação de Aposentados Mutualista para Benefícios Coletivos)
- Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados da Força Sindical)
- AAPB (Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil)
- Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura)
- Conafer, Caap, AAPPS Universo, entre outras.
🚫 Descontos sem consentimento, assinaturas falsificadas e vítimas vulneráveis
Casos emblemáticos envolvem entidades como a Caap, que teve 214 dos 215 descontos considerados não reconhecidos (99,5%). Já a Aapen atingiu a marca de 100% de descontos irregulares. Outras associações, como a Ambec, Cebap e Master Prev, também aparecem com índices alarmantes de ilegalidade.
A CGU ainda destaca que muitos beneficiários são idosos, pessoas com deficiência, doentes graves ou indígenas, que não tinham condições de autorizar os descontos. Em várias situações, os documentos apresentados pelas entidades traziam assinaturas que os próprios segurados não reconheciam.
🧾 O que dizem as entidades?
As entidades alegam que estão dispostas a colaborar, mas algumas afirmam não terem recebido acesso completo aos relatórios da CGU.
- A Ambec afirmou que não realiza captação ativa de associados e que, se houve fraude, também teria sido vítima.
- A AAPB informou que suas atividades foram suspensas por decisão judicial.
- A ABCB diz que analisa todas as reclamações individualmente.
- O Sindnapi/FS garantiu compromisso com transparência.
- A Cobap, por sua vez, alega não ter associados diretos.
- Outras, como Unibap, Sindiapi/UGT e Abrapps, reforçam que seus processos são presenciais, com assinatura e biometria.
⚠️ Corrupção invisível que atinge os mais frágeis
O escândalo joga luz sobre um esquema silencioso e estrutural, que retira dinheiro direto dos aposentados e pensionistas mais vulneráveis do país. A auditoria da CGU reforça a urgência de reformar os mecanismos de autorização de descontos no INSS, punir os responsáveis e criar barreiras contra novas fraudes.
