đŸ’„Â Mais impostos, menos cortes: Haddad fecha acordo com Congresso para tributar investimentos e revisar isençÔes

Ministro promete ajuste nas contas sem tocar em supersalårios e privilégios; LCI, LCA, apostas e fintechs entram na mira do Leão

BRASÍLIA — ApĂłs semanas de desgaste com o mercado e o Congresso por tentar elevar o IOF via decreto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, costurou na noite deste domingo (8) um novo pacote fiscal para aumentar a arrecadação e tentar salvar a meta de dĂ©ficit zero. Em vez de atacar os gastos pĂșblicos, como vinha sendo cobrado, o governo optou por elevar tributos sobre investimentos, apostas e bancos — e rever parcialmente os R$ 800 bilhĂ”es em isençÔes fiscais concedidas a setores da economia.

O anĂșncio ocorreu apĂłs reuniĂŁo de cinco horas na residĂȘncia oficial do presidente da CĂąmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), com presença de lĂ­deres do Senado e da base governista. O acerto inclui quatro frentes principais:

  1. Medida provisĂłria para taxar investimentos isentos, como LCIs e LCAs, com alĂ­quota de 5% de IR;
  2. Novo decreto do IOF, que revoga o anterior, mas mantĂ©m taxação sobre “risco sacado” com ajuste na metodologia;
  3. Corte de 10% nos gastos tributĂĄrios, revisando incentivos setoriais;
  4. RevisĂŁo de despesas primĂĄrias, ainda sem detalhamento.

Apesar do tom conciliador, lĂ­deres parlamentares saĂ­ram frustrados com a ausĂȘncia de propostas concretas para cortar despesas — especialmente supersalĂĄrios e privilĂ©gios no serviço pĂșblico, temas considerados tabu dentro da prĂłpria elite polĂ­tica.

“Vamos sentir o pulso do Congresso para saber o que Ă© possĂ­vel votar”, disse Haddad, admitindo a resistĂȘncia Ă s medidas de austeridade real.

O que muda com a MP: mais imposto para investidores, bancos e bets

  • Fim da isenção para tĂ­tulos do crĂ©dito imobiliĂĄrio e do agronegĂłcio: LCIs e LCAs, antes livres de IR, passarĂŁo a pagar 5% de imposto. A justificativa de Haddad Ă© que a distorção no sistema de crĂ©dito precisa ser corrigida.
  • Apostas online serĂŁo taxadas em 18% sobre a receita bruta (GGR), o que deve impactar as casas de apostas, mas nĂŁo diretamente os apostadores.
  • Bancos e fintechs terĂŁo unificação das alĂ­quotas de CSLL, eliminando a faixa de 9%. Agora, pagarĂŁo 15% ou 20%, como os grandes bancos.

IOF reconfigurado apĂłs desgaste polĂ­tico

Haddad tambĂ©m prometeu revogar o decreto polĂȘmico de maio, que gerou revolta em setores do varejo e entre parlamentares. O novo texto, ainda em elaboração, retira a cobrança fixa de 0,95% sobre operaçÔes de “risco sacado”, mas mantĂ©m a alĂ­quota diĂĄria de 0,0082%. A mudança tenta suavizar os impactos no crĂ©dito sem abrir mĂŁo da arrecadação.

Gastos pĂșblicos? SĂł conversa por enquanto

Apesar de prometer foco na “qualidade do gasto pĂșblico”, o ministro da Fazenda nĂŁo apresentou propostas concretas para atacar o principal problema apontado por economistas e o mercado: o crescimento descontrolado da despesa primĂĄria, que jĂĄ soma R$ 2,4 trilhĂ”es neste ano — R$ 26 bilhĂ”es acima do aprovado pelo Congresso.

As medidas de corte seguem no campo das intençÔes. Haddad sugeriu que projetos de revisĂŁo de despesas jĂĄ tramitam na Casa, mas que serĂĄ preciso “novo encontro” para identificar o que pode ser votado.

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