Advogado famoso por bordões violentos tem registro suspenso após agredir companheira em Maceió
João Neto, que dizia mirar “no coco e no relógio”, foi preso por violência doméstica e agora responde a processo disciplinar na OAB
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) suspendeu por 90 dias o registro profissional do advogado criminalista João Neto, de 47 anos, preso em flagrante no mês passado em Maceió (AL), acusado de agredir a companheira dentro de um apartamento. A decisão foi unânime e partiu do Tribunal de Ética e Disciplina da seccional baiana, onde o advogado tem registro.
A suspensão, divulgada ontem (13), foi tomada no âmbito de um processo ético-disciplinar que já estava em andamento, instaurado antes mesmo da prisão. O advogado era investigado por “conduta incompatível com a dignidade da advocacia”.
🎥 Influencer violento: “No coco e no relógio”
Nas redes sociais, João Neto ganhou notoriedade por declarações agressivas e conteúdos que exaltavam o uso de armas de fogo. Com mais de 2 milhões de seguidores no Instagram, costumava orientar sua audiência a mirar “na cabeça e no coração” em confrontos armados — popularizando o bordão: “no coco e no relógio”.
Além disso, o advogado mentia sobre ter sido policial militar. Em um podcast, chegou a afirmar que forjava flagrantes quando atuava como PM, o que foi desmentido pela própria corporação: ele nunca concluiu o curso de formação para soldado.
⚖️ Solto, mas monitorado
João Neto foi libertado nesta quarta-feira (14), após decisão do 2º Juizado de Violência Doméstica de Maceió, mas permanece com tornozeleira eletrônica e outras medidas cautelares. A informação foi confirmada pela advogada Mia Chen. O processo corre em segredo de Justiça.
A defesa do advogado informou que ainda estuda a decisão da OAB e deve se pronunciar oficialmente nos próximos dias.
📹 Câmeras flagraram agressão
As imagens que levaram à prisão de João Neto são contundentes. Câmeras de segurança do prédio mostram o advogado segurando a mulher à força em um corredor, impedindo que ela se afastasse. Ela tenta se apoiar nas paredes para resistir, mas ambos acabam caindo. A vítima bateu com a cabeça e o corpo contra a porta e sofreu um corte profundo no queixo, que exigiu três pontos após atendimento no hospital.
Em outra gravação, ela aparece ensanguentada ao sair do apartamento, enquanto o advogado tenta estancar o ferimento com um pano.
👮♀️ Polícia vê violência doméstica clara
Para a delegada Ana Luiza Nogueira, coordenadora das Delegacias de Atendimento à Mulher em Alagoas, não há dúvida sobre a agressão:
“Com certeza a violência doméstica está caracterizada. Todas as imagens corroboram o depoimento prestado pela vítima”, disse ao UOL.
🛑 O que diz a defesa
Desde abril, os advogados de João Neto negam a agressão e alegam que tudo foi um acidente doméstico. Segundo a versão apresentada, ele tentava encerrar o relacionamento e pediu para que a companheira deixasse o imóvel. Como ela não saiu, ele a teria pegado pela barriga para retirá-la, mas ambos escorregaram por causa do piso molhado.
“Não houve qualquer ato de violência por parte do acusado. Trata-se de um episódio isolado, sem conduta dolosa”, alegam os advogados Minghan Chen, Cícero Pedrosa e Vinicius Guido Santos.
