AGIOTAS TOMAVAM COMÉRCIOS E EXTORQUIAM VÍTIMAS EM PORTO DE GALINHAS

A Polícia Civil de Pernambuco prendeu três agiotas acusados de comandar um esquema milionário de extorsão no balneário de Porto de Galinhas, em Ipojuca. Segundo as investigações, o grupo cobrava juros abusivos em empréstimos informais e chegou a tomar estabelecimentos comerciais de vítimas.

Foram presos Williams César RibeiroSynthia Roberta da Cruz Ribeiro e Charles Williams Carneiro da Cunha Silva, apontados como líderes do esquema. A Justiça bloqueou até R$ 300 mil em bens dos investigados e devolveu a posse de um comércio tomado pelo trio.

COMO O GRUPO ATUAVA

  • Empréstimos com juros de até 10% ao mês.
  • Cobranças abusivas, incluindo a entrega de um veículo Toyota Etios como pagamento.
  • Apropriação das chaves e controle de um comércio da vítima.
  • Uso de maquinetas em nomes de laranjas para movimentar dinheiro.

EXTORSÃO E AMEAÇAS

Em maio, uma das vítimas foi chamada para um encontro e teve o celular roubado. O grupo passou a usar o aparelho para exigir R$ 50 mil e ameaçar familiares. Uma das mensagens dizia:

“Avise para ela nem pisar os pés em Porto de Galinhas… vai pagar de uma forma ou de outra. RECADO DADO.”

INVESTIGAÇÃO FINANCEIRA

Relatórios do Coaf apontaram movimentações incompatíveis com a renda declarada dos suspeitos:

  • Williams César: quase R$ 1 milhão em créditos bancários entre 2019 e 2023, apesar de declarar renda de apenas R$ 2,3 mil.
  • Charles Williams: mais de R$ 700 mil em transações via Pix em apenas seis meses.
  • Synthia Roberta: responde a 32 processos cíveis e é acusada em ação por tentativa de homicídio.

HISTÓRICO CRIMINAL

  • Charles já havia sido preso em 2023 por porte ilegal de arma.
  • Williams responde a mais de 20 processos como réu.
  • Synthia acumula denúncias por ameaça e tentativa de homicídio.

A operação contou com cumprimento de mandados em condomínios de luxo de Porto de Galinhas. O caso segue sob investigação.

Quadrilha de agiotas dominava comércio e extorquia empresários em Porto de Galinhas

Trio é preso suspeito de se apropriar de R$ 300 mil de comerciante e ameaçar família inteira no paraíso turístico pernambucano.

Os investigados Williams César Ribeiro, conhecido como “Major”, Synthia Roberta da Cruz Ribeiro, que se fazia chamar “Débora”, e Charles Williams Carneiro da Cunha Silva, o “Carlos”, viviam em condomínios de luxo enquanto comandavam um esquema que começava com empréstimos informais e terminava com a tomada completa dos estabelecimentos das vítimas.

O modus operandi: da dívida ao sequestro patrimonial

A investigação revelou um padrão cruel de atuação. A quadrilha aproveitava-se de empresários em dificuldades financeiras para oferecer empréstimos com juros mensais de 10% – taxa que torna qualquer dívida impagável em pouco tempo.

O caso que levou às prisões começou em 2021, durante a pandemia de Covid-19. Um comerciante local, enfrentando dificuldades, contraiu dois empréstimos com o grupo: R$ 20 mil e posteriormente R$ 10 mil. O que parecia uma solução financeira se transformou em um pesadelo de dois anos.

Escalada da violência

Quando as cobranças se intensificaram, o grupo mudou de estratégia. “Carlos” assumiu as negociações e, em 2023, exigiu como pagamento um veículo Toyota Etios, que foi entregue em Matriz de Camaragibe (AL). Mas a dívida, segundo os agiotas, continuava crescendo.

A situação se agravou quando “Carlos” se associou a “Débora”. Juntos, o casal não apenas assumiu o controle parcial do comércio da vítima, mas exigiu a entrega completa das chaves do estabelecimento. Instalaram uma funcionária de confiança no local e passaram a controlar toda a movimentação financeira através de máquinas de cartão registradas em nomes de terceiros.

O terror contra a família

O ponto culminante da violência ocorreu em 21 de maio de 2025. A vítima foi chamada por “Carlos” e “Débora” para uma reunião supostamente de trabalho em uma rua localizada atrás da Delegacia de Porto de Galinhas – uma escolha irônica que demonstra o destemor do grupo.

No encontro, que aconteceu com os criminosos chegando em um Corolla Cross prata, a vítima teve seu celular roubado à força. “Carlos” exigiu a senha do aparelho sob ameaças diretas contra a filha da empresária.

De posse do telefone, “Débora” passou a fazer chantagens através do WhatsApp, se passando pela própria vítima. A exigência agora era de R$ 50 mil da filha da comerciante.

Ameaças de morte constantes

Os áudios e mensagens obtidos pela investigação revelam o tom das ameaças. Em uma delas, dirigida a um irmão da vítima, os agiotas foram diretos:

“Avise para ela nem pisar os pés em Porto de Galinhas porque a situação dela não é das boas e avise a toda família para ajudá-la porque ela está devendo muito e vai pagar de uma forma ou de outra. RECADO DADO”.

No dia anterior ao registro da ocorrência policial, “Débora” teria enviado mensagens ao genro da vítima afirmando que “resolveria pessoalmente” e que iria buscá-la “na casa da sua mãe”.

O rastro financeiro que desmascarou o grupo

A investigação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) foi decisiva para comprovar a dimensão do esquema criminoso. Os relatórios bancários revelaram movimentações incompatíveis com a renda declarada dos investigados:

Williams César Ribeiro (“Major”)

  • Renda declarada: R$ 2.300 como corretor de imóveis
  • Movimentação real: R$ 989.982,55 em créditos e R$ 1.068.509,29 em débitos entre 2019 e 2023
  • Padrão suspeito: Diversos depósitos em espécie de R$ 4.500 a R$ 5.000, indicativo de ocultação de recursos

Charles Williams Carneiro da Cunha Silva (“Carlos”)

  • Movimentação bancária: Mais de R$ 700 mil em transferências via Pix apenas entre junho e dezembro de 2024
  • Método: Usava contas de filhos do casal Williams para triangular operações
  • Histórico criminal: Preso em flagrante em fevereiro de 2023 por porte ilegal de arma (pistola 9mm, dois carregadores e 20 munições)

Synthia Roberta da Cruz Ribeiro (“Débora”)

  • Processos judiciais: Responde a 32 processos cíveis
  • Antecedentes violentos: Acusada de tentativa de homicídio qualificado por aplicar golpes de punhal
  • Outras ocorrências: Possui diversos boletins de ocorrência por ameaças

A operação e as prisões

A Justiça de Pernambuco decretou a prisão preventiva dos três investigados. Durante a operação, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em dois endereços de condomínios de luxo em Porto de Galinhas.

Como medida cautelar, foram bloqueados ativos financeiros dos investigados até o limite de R$ 300 mil, valor correspondente ao prejuízo identificado da principal vítima. A Justiça também determinou a devolução imediata da posse e administração do estabelecimento comercial à vítima.

O impacto no turismo local

O caso ganha especial gravidade por ter ocorrido em Porto de Galinhas, um dos principais destinos turísticos do Nordeste brasileiro. A região, conhecida mundialmente por suas piscinas naturais e belezas paradisíacas, vivia sob a sombra de um grupo criminoso que aterrorizava comerciantes locais.

A investigação continua em andamento para identificar outras possíveis vítimas do esquema, já que o padrão de atuação e o volume de movimentação financeira sugerem que o grupo pode ter aplicado o mesmo método em outros empresários da região.


A Polícia Civil de Pernambuco orienta que vítimas de agiotagem e extorsão procurem imediatamente as autoridades competentes. O crime de agiotagem pode render pena de 6 meses a 2 anos de reclusão, enquanto a extorsão tem pena de 4 a 10 anos de reclusão.

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