AMORIM: “TEMOS DE DEFENDER A AMÉRICA DO SUL” APÓS MOVIMENTOS MILITARES DOS EUA NA FRONTEIRA COM A VENEZUELA

O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, declarou nesta quinta-feira (6) que o Brasil deve assumir uma postura de defesa regional frente às manobras militares dos Estados Unidos ao redor da Venezuela. “Nós temos que defender a América do Sul. Nós vivemos aqui”, afirmou Amorim, lembrando que o Brasil faz fronteira com dez países e que a crise não é um problema distante, mas sim uma ameaça potencialmente próxima ao território nacional.

Amorim — ex-chanceler e principal conselheiro internacional do presidente Lula — ressaltou também a necessidade de equilíbrio nas ações diplomáticas e apontou que a presença de forças estrangeiras na vizinhança requer atenção especial por parte do governo brasileiro. Segundo ele, o presidente Lula irá à Colômbia para tratar do assunto antes da cúpula da Celac com a União Europeia, em Santa Marta, na qual o tema estará em destaque.

A tensão escalou depois que os Estados Unidos reuniram navios de guerra, caças e aeronaves de vigilância na costa venezuelana, em uma campanha que Washington diz visar organizações criminosas transnacionais. Em ofensivas recentes, forças americanas atacaram embarcações no Caribe — operações que, segundo relatos, já culminaram na destruição de dezenas de embarcações e na morte de dezenas de pessoas. O governo dos EUA acusa o regime de Nicolás Maduro de chefiar o chamado “Cartel de Soles”, responsável pelo envio de drogas ao país norte-americano.

Diante desse cenário, analistas apontam três alternativas de ação que teriam sido apresentadas ao presidente Donald Trump: ataques aéreos contra instalações venezuelanas; envio de forças especiais para capturar ou eliminar líderes vinculados ao tráfico; ou uma operação mais ampla para controlar pontos estratégicos (aeroportos e campos de petróleo). Todas as hipóteses, porém, acarretam riscos elevados — inclusive de expansão do conflito e de impacto humanitário.

No Brasil, a pauta preocupa por dois motivos centrais: além do risco imediato à segurança das fronteiras, há o potencial de contaminação das negociações diplomáticas e econômicas entre Brasil e Estados Unidos. Autoridades do Itamaraty e do Planalto buscam evitar que o embate bilateral sobre a Venezuela prejudique outros temas em negociação, como comércio e tarifas.

O governo brasileiro reforça a disposição por canais de mediação e diálogo. Lula, segundo interlocutores, ofereceu-se para participar de iniciativas de interlocução que evitem a piora da crise. Enquanto isso, países da região acompanham com atenção a escalada — e a comunidade internacional pressiona por soluções políticas que evitem uma intervenção militar com consequências imprevisíveis para a região.

Trecho-chave (Amorim): “Não estamos discutindo uma coisa distante — estamos discutindo uma coisa na nossa fronteira praticamente. É natural que o Brasil reaja para proteger a paz e a estabilidade na América do Sul.”

RÚSSIA DIZ ESTAR “PRONTA PARA AJUDAR A VENEZUELA” E PROMETE EVITAR GUERRA COM OS EUA

Resumo: Moscou declarou nesta sexta-feira (7) que está preparada para apoiar militarmente a Venezuela, caso a escalada de tensões com os Estados Unidos leve a um confronto. O Kremlin evita detalhar como pretende agir, mas afirma que “não permitirá uma guerra na América Latina”.


porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, afirmou que Moscou “acompanha com preocupação” as movimentações militares dos Estados Unidos próximas à Venezuela e está “pronta para cooperar com Caracas em todos os níveis necessários”. Segundo ela, o objetivo russo é evitar uma guerra no continente sul-americano.

“A Rússia está pronta para ajudar a Venezuela a resistir a qualquer tentativa de agressão externa. Consideramos inaceitável a militarização das Américas e seguiremos atuando pela estabilidade da região”, declarou Zakharova, sem especificar o tipo de apoio que seria fornecido.

A declaração ocorre após o ditador Nicolás Maduro solicitar ajuda militar à Rússia, à China e ao Irã, diante do temor de uma ofensiva dos Estados Unidos. Entre os pedidos, estão manutenção de caças Sukhoi, novos radares e sistemas de mísseis antiaéreos.

Fontes do Washington Post revelaram ainda que Maduro enviou uma carta ao presidente Xi Jinping, pedindo uma “cooperação militar ampliada” e a aceleração de projetos de tecnologia de detecção aérea e defesa. O governo venezuelano também estaria negociando equipamentos militares e drones iranianos, segundo documentos obtidos pelo jornal.

Atualmente, o arsenal venezuelano é composto por mísseis de cruzeiro iranianossistemas russos terra-arblindados chineses e caças F-16 americanos — muitos deles fora de operação.


📍Contexto da crise

Nos últimos meses, os Estados Unidos intensificaram operações militares no Caribe e na costa da Venezuela, sob o pretexto de combater o narcotráfico internacional. As forças americanas já afundaram 16 embarcações e mataram ao menos 67 pessoas, segundo o Pentágono.

Washington acusa Maduro de comandar o Cartel de Soles, grupo classificado como organização terrorista pelo governo americano, e de ser responsável pelo envio de toneladas de cocaína aos EUA.

O ex-presidente Donald Trump — que reassumiu o discurso de endurecimento na região — chegou a autorizar operações secretas da CIA e avalia três planos de ação:
1️⃣ Ataques aéreos a instalações militares venezuelanas;
2️⃣ Missão de forças especiais para capturar ou eliminar Maduro;
3️⃣ Ocupação de áreas estratégicas, como aeroportos e campos de petróleo.

Enquanto isso, Caracas reforça alianças com Moscou, Teerã e Pequim, transformando a crise em um novo tabuleiro geopolítico global, com reflexos diretos sobre a segurança na América do Sul.

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