Aprendizado em queda: só 7,7% dos alunos concluem ensino médio com nível adequado em português e matemática

Anuário Brasileiro da Educação Básica, divulgado nesta quinta (25), expõe retrocessos na aprendizagem e amplia desigualdades raciais e de infraestrutura

O levantamento da ONG Todos Pela Educação revela um cenário de grandes desigualdades nas escolas públicas brasileiras, onde algumas sofrem com falta de infraestrutura básica como banheiros e água potável, enquanto outras se preocupam com tecnologias como roteadores de internet, e apenas uma pequena porcentagem de alunos, cerca de 7,7%, conclui o Ensino Médio com aprendizagem adequada em português e matemática.

Em dez anos, o Brasil conseguiu piorar um dado que já era ruim: a proporção de alunos que concluem o ensino médio com aprendizado adequado em português e matemática caiu de 8,3% para 7,7%. O alerta faz parte do Anuário Brasileiro da Educação Básica 2025, lançado nesta quinta-feira (25) pela organização Todos Pela Educação em parceria com a Fundação Santillana.

O levantamento reúne indicadores como o Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), exame aplicado pelo governo federal. A última edição da prova, em 2023, mostra um retrato preocupante: mesmo em português, onde houve melhora — de 27,9% para 37,1% de desempenho satisfatório —, o avanço não compensou a queda em matemática (de 9,8% para 8,6%).

Em São Paulo, maior rede de ensino do país, os números também caíram: de 10,5% em 2013 para 9,1% em 2023. Nas escolas públicas, o recuo foi ainda maior, de 6,4% para 4,5%. Em matemática, o desempenho despencou de 7,2% para 4,9%.

Educação brasileira: os números que mostram nossos desafios

Um novo estudo sobre a educação no Brasil revelou dados preocupantes. O Anuário Brasileiro da Educação Básica 2025 mostra que nossos estudantes estão aprendendo cada vez menos, especialmente em matemática.

O problema do aprendizado:

  • Apenas 7,7% dos alunos terminam o ensino médio sabendo português e matemática adequadamente
  • Há 10 anos, esse número era 8,3% – ou seja, piorou
  • Em matemática, a situação é crítica: só 8,6% dos jovens aprendem direito

Desigualdade racial é gritante:

  • Estudantes brancos e amarelos têm desempenho muito superior aos pretos, pardos e indígenas
  • Apenas 32,2% dos jovens indígenas conseguem terminar o ensino médio na idade certa
  • Entre brancos, esse número sobe para 79,4%

Infraestrutura precária:

  • Menos da metade das escolas públicas tem tratamento de esgoto
  • 1 em cada 5 escolas não tem coleta de lixo
  • No Acre e Roraima, 3 em cada 10 escolas não têm água potável
  • Só 44% das escolas têm internet adequada para usar em sala de aula

Falta de laboratórios:

  • Apenas 20% das escolas de ensino fundamental têm laboratório de ciências
  • 47% das escolas de ensino médio não têm laboratório de ciências
  • Em Minas Gerais, só 11,7% das salas têm ar-condicionado

Por que isso acontece? Segundo os especialistas, falta investimento público adequado e políticas que reduzam as desigualdades regionais e raciais. States mais pobres têm as piores condições de ensino.

Desigualdade racial

O anuário reforça que o desempenho escolar continua marcado por profundas desigualdades raciais. No Saeb 2023, alunos brancos e amarelos do 5º ano estavam 13,5 pontos percentuais à frente de pretos, pardos e indígenas. Ao fim do ensino médio, a distância ainda era de 7,6 pontos.

As taxas de conclusão também expõem esse abismo. Em 2024, 94,7% dos jovens amarelos e 91,5% dos brancosconcluíram o fundamental na idade correta (até os 16 anos). Entre pardos, foram 83,5%; pretos, 80,9%; e indígenas, apenas 78,1%.

No ensino médio, o cenário é ainda mais desigual: aos 19 anos, 85,5% dos amarelos e 79,4% dos brancos tinham diploma, contra 66,6% dos pardos, 62,1% dos pretos e 32,2% dos indígenas.


Estrutura precária e falta de internet

A desigualdade não aparece apenas nas notas. O levantamento mostra que menos da metade das escolas públicas do Brasil têm internet adequada para uso pedagógico. Outras 29% oferecem conexão apenas para professores e gestores; 4,6% não têm sequer energia elétrica em condições mínimas. Apenas 2% contam com banda larga suficiente para atividades em sala de aula.

No ensino de ciências, a situação é ainda mais grave: só 20% das escolas públicas do fundamental II têm laboratório científico. No ensino médio, quase metade (47,9%) também não dispõe desse recurso.

“O Brasil ainda carrega um ciclo histórico de marginalização. As escolas de regiões mais pobres são justamente as que apresentam a pior infraestrutura e os piores indicadores de aprendizagem”, afirma Gabriel Corrêa, diretor do Todos Pela Educação.


Metas do MEC em risco

Em janeiro, o Ministério da Educação prometeu que todas as escolas públicas estariam conectadas até 2026. Mas os dados do anuário mostram que a meta está distante. O MEC afirma que, em setembro, 65% das unidades já tinham internet com qualidade pedagógica e que vai transferir R$ 305 milhões ainda em 2025 para ampliar a conectividade.

Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação, defende que os números devem orientar as próximas decisões de política pública:

“Estamos num momento decisivo, com o novo Plano Nacional de Educação em debate. Reunir dados com rigor técnico é essencial para escolhas mais eficazes.”


Um retrato desigual

O anuário conclui que, apesar de avanços pontuais, o país segue preso a um quadro de exclusão: estudantes pretos, pardos, indígenas e pobres têm menos acesso a boas escolas, enfrentam infraestrutura precária e, em consequência, saem da educação básica com índices muito baixos de aprendizado.

Enquanto em algumas escolas do DF a preocupação é modernizar roteadores para melhorar o wi-fi, em estados como o Maranhão quase 87% das escolas ainda não têm rede de esgoto. Em Roraima e Acre, falta água potável em até 30% das unidades. No Amazonas, apenas 7% das escolas têm laboratório de ciências.

No fim, os números expõem um paradoxo: o Brasil tem mais crianças na escola, mas continua falhando em garantir que elas aprendam o mínimo em português e matemática.

Só 7,7% dos alunos terminam ensino médio sabendo português e matemática

📉 Em dez anos, caiu o percentual de jovens que concluem o ensino médio com aprendizado adequado nas duas disciplinas: de 8,3% para 7,7%, segundo o Anuário Brasileiro da Educação Básica, lançado nesta quinta (25).

🔎 O estudo revela ainda:

  • Português teve melhora (de 27,9% para 37,1%), mas matemática puxou os índices para baixo (de 9,8% para 8,6%);
  • Em São Paulo, rede pública caiu de 6,4% para 4,5% de alunos com bom desempenho;
  • Menos da metade das escolas têm internet adequada;
  • Só 20% das escolas do fundamental II contam com laboratório de ciências.

⚠️ O levantamento também mostra desigualdade racial: em 2024, 85,5% dos jovens amarelos concluíram o ensino médio aos 19 anos, contra 62,1% dos pretos e apenas 32,2% dos indígenas.

🎯 O MEC promete conectar todas as escolas públicas até 2026, mas especialistas dizem que o país ainda falha em garantir o básico: aprender português e matemática.

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