Aviões ligados a Rueda valem R$ 60 milhões e têm contador como “dono oficial”

Documentos da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mostram que os quatro jatinhos atribuídos ao presidente do União Brasil, Antônio Rueda, somam ao menos R$ 60,4 milhões. As aeronaves, segundo os registros, estão em nome de terceiros, mas aparecem relacionadas a um mesmo contador: Bruno Ferreira Vicente de Queiroz, de 37 anos, que atua em São Paulo e é ligado a mais de 15 empresas.
Entre os aviões estão um Cessna 560 XL, avaliado em R$ 12,5 milhões, e um Gulfstream, vendido em junho por US$ 4 milhões (R$ 21,2 milhões). Ambos foram transferidos para empresas presididas ou dirigidas por Bruno Queiroz, que também está à frente da Bariloche Participações — companhia ligada a empresários investigados pela PF por suposta venda de sentenças no STJ.
As aeronaves atribuídas a Rueda são operadas pela mesma empresa de táxi aéreo, a Transportes Aéreos Piracicaba (TAP), também utilizada por investigados na Operação Carbono Oculto, que apura a infiltração do PCC no setor de combustíveis e financeiro.
Um piloto ouvido pela Polícia Federal afirmou que Rueda era citado como chefe de um grupo “com muito dinheiro para gastar” na compra dos jatos. Por ora, o nome do presidente do União Brasil aparece apenas em depoimentos, mas a PF não descarta abrir investigação específica.
Rueda, por sua vez, nega qualquer vínculo com as aeronaves ou com o esquema investigado. Em nota, afirma que seu nome foi citado em “contexto absolutamente infundado” e que tomará medidas para proteger sua reputação.
🔎 Principais pontos investigados
- Aviões de luxo: quatro jatinhos atribuídos a Rueda somam R$ 60,4 milhões em valor de mercado.
- Propriedade indireta: aeronaves aparecem em nome de Bruno Ferreira Vicente de Queiroz, contador ligado a mais de 15 empresas.
- Empresas envolvidas: duas aeronaves transferidas para companhias presididas ou dirigidas por Bruno (Magic Aviation e Rovaniemi Participações).
- Laços suspeitos: Bariloche Participações, também presidida por Bruno, tem sócios investigados na Operação Sisamnes, sobre venda de sentenças no STJ.
- Operação Carbono Oculto: apura infiltração do PCC nos setores de combustíveis e financeiro. Aviões de Rueda seriam operados pela mesma empresa de táxi aéreo usada por investigados.
- Depoimento chave: piloto Mauro Caputti Mattosinho disse que ouvia de seu ex-chefe que os jatos pertenciam a um grupo “encabeçado por Rueda, com muito dinheiro para gastar”.
- Defesa de Rueda: o presidente do União Brasil nega categoricamente ser dono das aeronaves e afirma que seu nome foi citado em “contexto infundado”.
🗓️ Cronologia dos fatos
- 2020–2024: investigações apontam movimentação bilionária do PCC no setor de combustíveis (fraudes de até R$ 52 bilhões).
- Novembro/2023: empresários ligados à Bariloche Participações são alvo da Operação Sisamnes (PF investiga venda de sentenças no STJ).
- Setembro/2023: jato Citation J2 é vendido por R$ 13,7 milhões a empresa de fachada no Maranhão.
- Junho/2022 – Março/2025: Cessna Citation 560 XL (PR-LPG), avaliado em R$ 12,5 milhões, passa por diversas transferências até ser adquirido pela Magic Aviation, presidida por Bruno Queiroz.
- Abril/2025: Gulfstream G200 (PS-MRL) é vendido por US$ 4 milhões à Rovaniemi Participações, também ligada a Bruno Queiroz.
- Junho/2025: última venda do Gulfstream registrada na Anac.
- Setembro/2025: piloto depõe à PF e cita Antônio Rueda como real dono dos jatos.
- Setembro/2025: documentos da Anac revelam que os aviões atribuídos a Rueda estão avaliados em R$ 60,4 milhões.