Barbárie antes do Clássico: Justiça torna réus 41 torcedores por confronto entre organizadas no Recife
Ao todo, 47 pessoas já foram denunciadas por envolvimento na guerra urbana que parou a Zona Norte horas antes do duelo entre Santa Cruz e Sport
O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) aceitou nova denúncia do Ministério Público (MPPE) e transformou em réus mais 41 torcedores das organizadas Inferno Coral (Santa Cruz) e Torcida Jovem do Leão (Sport). Eles são acusados de envolvimento direto nos confrontos violentos que tomaram as ruas da Zona Norte do Recife, no dia 1º de fevereiro, poucas horas antes do Clássico das Multidões.
Com os novos réus, sobe para 47 o total de denunciados — todos acusados de participar da “guerra urbana” que deixou feridos, espalhou terror e evidenciou a escalada de violência ligada a facções organizadas no futebol pernambucano.
Divisão das denúncias
Dos 41 novos réus, 21 pertencem à Inferno Coral, e responderão por tentativa de homicídio qualificado, associação criminosa e incitação ao tumulto. Já os 20 ligados à Jovem do Leão foram enquadrados por associação criminosa e tumulto.
Entre os casos mais graves está o do presidente da Jovem, João Victor da Silva, 28 anos, brutalmente espancado durante os confrontos. Ele precisou ser socorrido ao Hospital da Restauração e levou mais de 100 pontos na cabeça após cirurgia.
A juíza responsável afirmou que os investigados demonstram “extrema periculosidade” e agiram com confiança na impunidade. “Há farto material de vídeo e depoimentos que sustentam as acusações”, escreveu.
Prisões decretadas
A Justiça decretou prisão preventiva de oito acusados, sendo quatro da Inferno e quatro da Jovem. Eles são apontados como líderes ou executores diretos das agressões.
Na decisão, também foram citadas subdivisões criminosas dentro das torcidas, como o Brota Brota, Mano a Mano, Bonde do Orochi e Os Capetas (da Inferno), e o Bonde dos Brabos, Bruxos e 12º Comando (da Jovem), que agiriam como gangues regionais.
Defesa contesta
Advogados dos acusados alegam que as prisões são “excessivas” e que seus clientes têm residência fixa e trabalho formal. Parte da defesa alega que nem todos participaram das agressões e que alguns tentaram impedir a violência. Já os advogados de Diogo Felipe Galvão Nunes, da Inferno, se limitaram a contestar a publicação da matéria.
📦 QUEM SÃO OS 47 DENUNCIADOS PELO CONFRONTO ENTRE ORGANIZADAS NO RECIFE
🔴 Inferno Coral (Santa Cruz) – 27 denunciados
👥 Perfis
- Idade média: 24 anos
- Mais jovem: 18 anos
- Mais velho: 34 anos
- Subgrupos citados: Brota Brota, Mano a Mano, Bonde do Orochi, Os Capetas
⚖️ Acusações
- 21 por tentativa de homicídio qualificado
- 27 por associação criminosa
- 27 por incitação ao tumulto
- 4 com prisão preventiva decretada
⚫ Torcida Jovem do Leão (Sport) – 20 denunciados
👥 Perfis
- Idade média: 25 anos
- Mais jovem: 19 anos
- Mais velho: 33 anos
- Subgrupos citados: Bonde dos Brabos, Bruxos, 12º Comando
⚖️ Acusações
- 20 por associação criminosa
- 20 por incitação ao tumulto
- 4 com prisão preventiva decretada
🧠 Lideranças e destaques
- João Victor da Silva (Jovem do Leão): presidente da torcida, foi brutalmente espancado e hospitalizado
- Diogo Felipe Galvão Nunes (Inferno Coral): citado na decisão judicial, defesa nega envolvimento
🗓️ Data do confronto: 1º de fevereiro de 2025
📍 Local: Zona Norte do Recife
🆘 Consequência: Pelo menos 3 feridos graves e interrupção do tráfego na região
🧾 Destaques da acusação
- Integrantes armados com paus, pedras e barras de ferro
- Imagens de câmeras de segurança mostram a emboscada contra membros da Jovem do Leão
- Parte dos denunciados já respondia por crimes semelhantes
🛡️ Defesa
- Advogados alegam que os réus não participaram do ataque
- Denúncia seria baseada em suposições e vínculos apenas por vestimenta ou proximidade
- Em pelo menos um caso (Diogo Felipe Galvão Nunes), a defesa pediu habeas corpus, alegando erro de identificação
- ⚖️ ACUSAÇÕES FORMALIZADAS À JUSTIÇA
- O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) denunciou os envolvidos pelos crimes de:
- Tentativa de homicídio qualificado (21 integrantes da Inferno Coral)
- Associação criminosa (todos os 47 denunciados)
- Incitação ao tumulto em eventos esportivos (todos os 47 denunciados)
- A denúncia foi recebida pela Justiça no início de junho. O juízo da 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital também decretou prisão preventiva de oito acusados – quatro de cada torcida.