Beneficiários do Bolsa Família gastam R$ 3 bilhões em apostas, diz Banco Central

Estudo do Banco Central Revela Que 5 Milhões de Beneficiários do Bolsa Família Gastaram R$ 3 Bilhões em Apostas

O Banco Central (BC) estima que pelo menos 5 milhões de beneficiários do Programa Bolsa Família tenham direcionado R$ 3 bilhões a empresas de apostas esportivas por meio do sistema de pagamentos Pix. Essa análise, que se refere ao mês de agosto de 2024, foi divulgada nesta terça-feira (24/9) e realizada a pedido do senador Omar Aziz (PSD-AM). O parlamentar tem pressionado o governo federal a regulamentar e fiscalizar essa modalidade de apostas, e anunciou sua intenção de apresentar uma ação na Procuradoria-Geral da República (PGR) para solicitar a desativação de todos os sites de apostas esportivas até que o processo de regulamentação esteja completo.

Conforme a estimativa do BC, cerca de 24 milhões de pessoas realizaram transferências via Pix para empresas de jogos de azar ou apostas esportivas apenas em agosto. A maioria dos apostadores tem entre 20 e 30 anos e gasta, em média, R$ 100 por mês com essa prática. A preocupação é ainda maior entre os beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família, que exige renda mensal de até R$ 218 (caracterizada como condição de pobreza) e registro no Cadastro Único (CadÚnico) para a inclusão no programa.

Entre os beneficiários do Bolsa Família, aproximadamente 4 milhões são chefes de família — os responsáveis diretos pelo recebimento do benefício — que enviaram R$ 2 bilhões (67%) via Pix para as plataformas de apostas.

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, alertou que o crescimento das empresas de apostas pode estar indicando uma deterioração na qualidade do crédito. “Há uma percepção de que estamos vendo um comprometimento significativo na qualidade do crédito. Temos tentado apoiar o governo e o Congresso com os dados disponíveis, e o aumento é expressivo”, destacou Campos Neto durante uma conferência organizada pelo Banco Safra em São Paulo.

Ele enfatizou a relação preocupante entre os beneficiários do Bolsa Família, que pertencem a faixas de baixa renda, e o aumento nas apostas. “Conseguimos mapear as transações via Pix para essas plataformas, e o crescimento desde janeiro tem sido considerável. O tíquete médio subiu mais de 200%, o que é alarmante e sugere um impacto potencial na inadimplência”, observou o presidente do BC.

A Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) do Ministério da Fazenda está avaliando pedidos de registro de empresas que desejam operar no mercado de apostas on-line no Brasil.

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