Brasileiros pagam R$ 2 trilhões em impostos em 2025: recorde histórico chega 18 dias antes que em 2024
Governo Lula bate meta de arrecadação com aumento de 11,1% e carga tributária volta aos maiores níveis em 15 anos

A máquina arrecadadora em alta velocidade
O Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo deve marcar hoje (3/7) a cifra histórica de R$ 2 trilhões pagos pelos brasileiros em impostos apenas nos primeiros seis meses de 2025. O marco representa um salto de 11,1% em relação ao mesmo período de 2024 e chega 18 dias antes do que no ano passado, quando essa marca foi atingida apenas em 21 de julho.
Para dimensionar o feito: R$ 2 trilhões equivalem a quase todo o orçamento anual da União, ou cerca de 20% de todo o PIB brasileiro.
A escalada implacável da arrecadação
Desde que o painel eletrônico começou a funcionar em 2005, nunca os brasileiros pagaram impostos em ritmo tão acelerado. Os dados revelam uma máquina arrecadadora que funciona a todo vapor no terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.
Comparativo histórico:
- 2015: Primeira vez que R$ 2 tri foram atingidos (9 de dezembro)
- 2024: Marco alcançado em 21 de julho
- 2025: Meta batida em 3 de julho (18 dias antes)
Os motores da arrecadação turbinada
1. Economia aquecida, impostos em alta
“A inflação teve papel relevante, já que o sistema tributário brasileiro é majoritariamente baseado em impostos sobre o consumo”, explica Ulisses Ruiz de Gamboa, economista do Instituto de Economia Gastão Vidigal.
2. Arsenal de novas medidas fiscais
O governo Lula implementou uma série de medidas que impulsionaram a arrecadação:
- Elevação das alíquotas do ICMS pelos estados
- Tributação das “offshores” (empresas no exterior)
- Reoneração dos combustíveis (fim da desoneração)
- Mudanças nos incentivos fiscais estaduais
- Retomada do voto de qualidade do Carf (favorável ao Fisco)
- Tributação das apostas online (bets)
3. Fiscalização eletrônica mais eficiente
“O Brasil tem cobrado tributos de forma mais eficiente”, avalia Cristina Helena Pinto de Mello, professora da PUC-SP. A Receita Federal modernizou seus sistemas de controle e cruzamento de dados.
Carga tributária: volta aos maiores níveis em 15 anos
O dado que preocupa economistas: a carga tributária bruta já ultrapassa 32% do PIB – um patamar não visto há década e meia.
Enrico Gazola, da Nero Consultoria, alerta: “É um crescimento da carga tributária bruta que já ultrapassa 32% do PIB, algo que o Brasil não via há 15 anos.”
O peso dos impostos indiretos
Professora Cristina Mello destaca um problema estrutural: “O imposto indireto é muito ruim. Ele é regressivo, cobra mais percentualmente de quem é mais pobre do que de quem é mais rico.”
Essa distorção, segundo ela, é herança da redemocratização dos anos 1980, quando o governo optou pelos impostos indiretos por serem “mais fáceis de arrecadar” e porque “as pessoas não entendiam que estavam pagando, de fato, esse imposto.”
Perspectivas: freio à vista?
Apesar do ritmo acelerado, economistas preveem desaceleração para o segundo semestre:
Fatores limitantes:
- Taxa Selic em 15% ao ano após sete altas consecutivas
- Pressão sobre o crescimento econômico devido aos juros altos
- Limite da capacidade de pagamento da população
O dilema fiscal do governo Lula
Gazola resume o desafio: “A marca de R$ 2 trilhões é, ao mesmo tempo, um termômetro da resiliência nominal da economia e um sinal de que a política fiscal continua a preferir a rota mais fácil — ampliar a fatia da torta em vez de fazer dieta.”
A conta que não fecha
O economista defende que o governo apresente “um plano crível” de:
- Contenção de gastos públicos
- Revisão de subsídios
- Reforma estrutural do sistema tributário
A pergunta de R$ 2 trilhões
Enrico Gazola encerra com uma reflexão que resume o momento fiscal brasileiro:
“A pergunta deixa de ser quando romperemos outro recorde no Impostômetro; passa a ser quanto crescimento estamos dispostos a sacrificar para sustentá-lo?”
O que está em jogo: Com carga tributária nos maiores níveis em 15 anos e pressão crescente sobre contribuintes, o terceiro governo Lula enfrenta o desafio de equilibrar arrecadação record com sustentabilidade econômica e social.
Números que impressionam
R$ 2.000.000.000.000 pagos em impostos em 6 meses
11,1% de aumento em relação a 2024
32% carga tributária em relação ao PIB
18 dias de antecedência em relação ao ano passado
15% taxa Selic atual – maior patamar recente