Caso Alícia Valentina: recusa em “ficar” com colega pode ter motivado espancamento fatal em escola de PE
A morte da estudante Alícia Valentina, de 11 anos, em Belém do São Francisco, no Sertão de Pernambuco, chocou o estado e levantou questionamentos sobre segurança nas escolas, negligência no atendimento médico e a responsabilização dos envolvidos.
A criança foi espancada por colegas dentro da Escola Municipal Tia Zita, na última quarta-feira (3), e teve morte cerebral confirmada no Hospital da Restauração, no Recife, no domingo (7).
O que já se sabe
- Agressores: cinco colegas, sendo quatro meninos e uma menina, participaram da violência. Um deles iniciou o espancamento porque Alícia teria recusado ficar com ele, segundo o boletim de ocorrência.
- Local da agressão: banheiro ou área próxima da escola, onde a menina foi interceptada e atacada em grupo.
- Atendimento médico: Alícia passou por três unidades de saúde. Foi liberada duas vezes, mesmo com sangramento no ouvido e vômito de sangue, até ser transferida ao Recife, onde não resistiu.
- Causa da morte: o atestado aponta traumatismo cranioencefálico causado por instrumento contundente.
- Família: a mãe descreve a filha como tranquila e sem histórico de brigas. O pai cobra justiça e teme que os agressores façam novas vítimas.
Delegada comenta o caso
As controvérsias
- Negligência escolar: parentes acusam a escola de não acompanhar a menina após os primeiros atendimentos.
- Nota da prefeitura: alega que não houve falha médica e que a mãe teria levado a filha para casa sem autorização da plantonista.
- Investigação policial: o caso, inicialmente registrado como lesão corporal, foi alterado para lesão corporal seguida de morte.
O que ainda falta esclarecer
- A escola realmente falhou em prestar apoio à família?
- Quais medidas serão aplicadas contra os cinco colegas identificados?
- Existe filmagem da agressão, como relatam parentes, e qual o papel desse possível vídeo na apuração?
Despedida
O corpo de Alícia será velado no Salão de Velório do PAF, em Belém do São Francisco, nesta terça-feira (9). O enterro está previsto para as 16h, no cemitério local.
O caso segue sob investigação da Polícia Civil.
Linha do tempo do caso Alícia Valentina
📌 Quarta, 3/9 – Alícia é agredida no banheiro da Escola Municipal Tia Zita.
📌 Quarta, 3/9 (noite) – Atendida em hospital municipal, liberada.
📌 Quinta, 4/9 – Volta ao hospital com sangramento no ouvido e vômitos de sangue; transferida para Salgueiro e, depois, para Recife.
📌 Sexta, 6/9 – Escola divulga nota de pesar e diz acompanhar o caso.
📌 Domingo, 7/9 (noite) – Hospital da Restauração confirma morte cerebral.
📌 Terça, 9/9 – Corpo é velado e enterrado em Belém do São Francisco.
📌 Hoje – Polícia investiga a responsabilidade da escola, da prefeitura e dos agressores.
Imagem mostra menina que morreu após espancamento pedindo ajuda em escola

Uma câmera de segurança registrou os momentos que antecederam e sucederam as agressões sofridas por Alícia Valentina, de 11 anos, que morreu de traumatismo craniano por ser espancada no banheiro da escola onde estudava em Belém do São Francisco, no Sertão de Pernambuco. A menina foi agredida no dia 3 de setembro, na Escola Municipal Tia Zita e morreu no domingo (7).
Nas imagens, gravadas por volta das 13h, é possível ver quando Alícia passa por um corredor e entra no banheiro, onde havia um grupo de alunos. O vídeo mostra uma das crianças sendo empurrada e logo em seguida a menina sai do local com uma mão no ouvido esquerdo. Um menino que presenciou as agressões avisa a uma funcionária sobre o ocorrido.
Logo depois, Alícia fala com uma das profissionais da escola que estava no pátio para pedir ajuda. Na gravação, a menina aparece com uma blusa branca e calça jeans. As agressões teriam acontecido por ela ter recusado a “ficar” com um colega.
Depois de ser espancada, Alícia foi levada para o hospital do município, onde recebeu medicação e foi liberada. Em casa, apresentou sangramento no ouvido e a mãe a levou a um posto de saúde.
Horas depois, Alícia vomitou sangue e diante da gravidade dos sintomas, a mãe a levou ao Hospital Municipal de Belém do São Francisco. Ela precisou ser encaminhada para o Hospital de Salgueiro e foi transferida para o Hospital da Restauração, no Recife. No domingo (7), os médicos confirmaram a morte cerebral.
O advogado que faz a defesa da família, Pedro Eurico, informou que o processo para identificar os responsáveis está “bem encaminhado” e que já tomou ciência do vídeo que mostra o ocorrido na escola.
O velório e sepultamento foram realizados na tarde de terça-feira (9) no Cemitério Público Municipal Recanto da Saudade, em Belém do São Francisco. A despedida comoveu diversos moradores do município e incluiu homenagens feitas por estudantes da escola onde as agressões aconteceram.
O Ministério Público de Pernambuco está acompanhando o caso e instaurou um procedimento administrativo. Os autores das agressões ainda não foram apontados.
Adelmo LucA Escola Municipal Tia Zita afirmou que prestou toda a assistência necessária. “A direção da escola informa que, em tempo hábil, prestou todo o socorro necessário à aluna, conduzindo-a ao hospital e garantindo a devida assistência. Comunicamos ainda que, nesta data, o Conselho Tutelar, juntamente com a Secretaria Municipal de Educação, estará presente na escola para acompanhar o caso e adotar as devidas providências”, diz a nota da instituição de ensino.