Clima na Câmara é de revogação do IOF, e governo tem 10 dias para recuar, diz Hugo Motta
Presidente da Câmara afirma que parlamentares pressionam pela derrubada do decreto; Haddad tenta evitar colapso fiscal
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta quinta-feira (29) que o ambiente no Congresso é amplamente favorável à revogação do decreto do governo Lula (PT) que elevou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) na última semana.
“Combinamos que a equipe econômica tem 10 dias para apresentar um plano alternativo ao aumento do IOF. Algo duradouro, consistente e que evite gambiarras tributárias que só prejudicam o país”, publicou Motta na rede X (antigo Twitter), pouco antes de se reunir com líderes partidários para decidir se o projeto que anula o decreto entrará em pauta.
O prazo de dez dias foi definido em encontro na véspera entre Motta, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais). A equipe econômica tentará apresentar uma nova proposta de compensação fiscal que não envolva aumento de imposto.
Pressão do Congresso
Bancadas como PDT, União Brasil e Republicanos já fecharam apoio à derrubada do decreto. O PSD liberou seus parlamentares, mas a maioria também é favorável à revogação. Além disso, representantes de 13 frentes parlamentares do setor produtivo divulgaram um manifesto exigindo a votação do projeto que susta o aumento.
Risco fiscal
Na quarta (28), Haddad alertou que a revogação do decreto colocaria em risco o funcionamento da máquina pública. “Estamos lidando com R$ 30 bilhões em cortes — sendo R$ 10 bilhões de bloqueios e R$ 20 bilhões de contingenciamento — e outros R$ 20 bilhões em receitas extras. Sem o IOF, precisaremos de mais contingenciamentos”, disse o ministro.
Apesar do apelo de Haddad, o clima entre os parlamentares é de insatisfação generalizada. A elevação do IOF, sem articulação prévia com o Congresso, foi mal recebida até entre aliados do governo.
