Com apoio da base do prefeito, Câmara do Recife barra convocação para esclarecer aditivo milionário no Hospital da Criança

Oposição queria ouvir secretária sobre acréscimo de R$ 25 milhões a obra já orçada em R$ 100 milhões — e que não foi entregue no prazo.

A Câmara Municipal do Recife rejeitou, nesta semana, um requerimento que pedia a convocação da secretária de Saúde do município, Marília Dantas, para prestar esclarecimentos sobre o aumento de R$ 25 milhões no custo da construção do novo Hospital da Criança. A obra, localizada no bairro de Areias, Zona Oeste da capital, já consumiu R$ 100 milhões e não foi entregue até o prazo final estipulado pela própria Prefeitura: 3 de abril.

Com 12 mil metros quadrados de área construída, o hospital promete oferecer leitos de enfermaria e UTI, além de especialidades médicas e exames. As obras tiveram início em janeiro de 2024 e, segundo a Prefeitura, a nova previsão de entrega é para o segundo semestre de 2025 — o que representará mais de um ano de atraso. A justificativa oficial é que houve ampliação no escopo da obra para incluir um centro diagnóstico.

Autor do requerimento, o vereador Thiago Medina (PL) afirmou que a proposta não tinha tom acusatório, mas buscava explicações sobre o aditivo de R$ 25 milhões. “A obra foi anunciada com custo de R$ 100 milhões, com R$ 41 milhões bancados pela Prefeitura. Mas, como sempre, o valor não para por aí. Por que mais R$ 25 milhões, se a obra nem sequer foi entregue no prazo?”, questionou.

Vereadores da oposição como Gilson Machado Filho (PL), Felipe Alecrim (Novo), Eduardo Moura (Novo) e Alef Collins (PP) apoiaram o pedido. “Queremos apenas transparência. A população precisa saber por que tantas obras estão paradas ou inacabadas”, afirmou Alecrim.

Collins reforçou que o comparecimento da secretária seria um gesto de respeito à fiscalização pública. “Essa Casa é a única com prerrogativa legal para cobrar explicações do Executivo”, disse Moura.

Base aliada barra requerimento e defende gestão

O requerimento foi barrado com votos da base do prefeito João Campos (PSB). O vereador Rinaldo Junior (PSB) classificou a convocação como “pirotecnia” e questionou se Medina havia tentado dialogar diretamente com a secretária antes de protocolar o pedido. “É um requerimento para a secretária mais acessível da gestão. Foi só tentativa de aparecer”, afirmou.

Outros governistas engrossaram a defesa da secretária. Júnior de Cleto (PSB) chamou Marília Dantas de “supersecretária” e destacou a complexidade da obra. “É um hospital grande, que vai ofertar até 300 mil exames por ano. O prazo foi estendido por isso”, disse.

Chico Kiko (PSB) também elogiou a postura da secretária. “Ela sempre atendeu os vereadores, inclusive por telefone. Achei estranho que o vereador disse que ligou cinco vezes e ela não atendeu. Ela sempre dá retorno”, afirmou.

Apesar do esforço da oposição, a base aliada do prefeito garantiu a rejeição do pedido de convocação.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *