CRISE NA COP30: PRESIDENTE DA ÁUSTRIA DESISTE DE IR AO BRASIL POR “ALTOS CUSTOS”

O presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen, anunciou que não participará da COP30, a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, marcada para novembro, em Belém (PA). Segundo o gabinete presidencial austríaco, os altos custos logísticos da viagem estão fora do orçamento, diante da atual política de cortes e disciplina fiscal no país.

Van der Bellen justificou a decisão como fruto de “cuidadosa consideração” e afirmou que deseja sucesso ao evento, reconhecendo o momento global desafiador. A ausência do chefe de Estado austríaco marca a primeira baixa de peso internacional e acende o alerta sobre o risco de esvaziamento da conferência.

Além da crise econômica austríaca — que registra déficit superior a 4% do PIB —, a desistência expõe outro problema: a explosão nos preços de hospedagem em Belém, que dificulta a vinda de delegações estrangeiras. Há relatos de diárias 10 vezes mais caras que o habitual, com preços que ultrapassam os de hotéis de luxo no Rio e em São Paulo.

O Ministério Público do Pará admite que, pela lei brasileira, não há como impor limites aos valores cobrados. “Só cabe ação educativa”, disse a promotora Érica Almeida, do MPPA. Diante disso, o governo estadual montou uma força-tarefa com o ProconSecretaria de Segurança Pública e representantes da rede hoteleira para tentar conter os abusos com diálogo e fiscalização de práticas ilegais, como corretagem não autorizada.

Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Pará (ABIH-PA) afirma que já garantiu 546 quartos com preços acessíveis para países mais pobres, mas o número ainda é insuficiente. Segundo o presidente da entidade, Antônio Santiago, o problema se agravou porque as delegações não querem dividir quartos, reduzindo drasticamente a capacidade de hospedagem.

A situação gerou críticas à falta de planejamento do governo federal e da própria ONU. A menos de 100 dias do evento, 27 países já assinaram uma carta exigindo soluções urgentes. André Corrêa do Lago, presidente da COP30, reconheceu a gravidade do problema e alertou que a ausência de delegações pode comprometer a legitimidade das negociações internacionais sobre o clima.

Apesar das pressões, o Brasil descarta mudar a sede da conferência. Belém foi escolhida justamente para destacar a importância da Amazônia no combate à crise climática. Mas, com a repercussão negativa, o temor é que outros líderes sigam o exemplo da Áustria e deixem de comparecer à cúpula ambiental mais importante do ano.

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