Crise no Imip: obstetras pedem demissão em massa por sobrecarga, salários baixos e falta de estrutura

Imip evita desperdícios e desvios de medicamentos com a Central de Dose Unitária de Medicamentos

O Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), um dos maiores hospitais de referência em maternidade de alto risco do Brasil, enfrenta uma crise. Nesta quinta-feira (19), ao menos 33 obstetras entregaram cartas de demissão, segundo o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe).

A decisão ocorre após meses de desgaste. Em julho, 48 médicos já haviam sinalizado a possibilidade de renúncia coletiva caso não houvesse melhorias nas condições de trabalho. O sindicato afirma que não houve avanços nas negociações e que os profissionais sofrem com sobrecarga, má estrutura e salários defasados, o que tem levado a casos de burnout.

O Imip confirma o recebimento de cerca de 30 pedidos de desligamento e diz ter notificado a Secretaria Estadual de Saúde. A instituição também informou que iniciou um plano de reestruturação e contratação de novos médicos. Em nota, o hospital reforçou que pretende manter a continuidade dos atendimentos, que em 2024 somaram quase 5 mil partos e mais de 1 milhão de procedimentos.

Apesar de mediação recente do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-6), que garantiu um reajuste salarial de 8% para hospitais de grande porte, o Simepe diz que o aumento não contempla as reivindicações dos obstetras. Os profissionais exigem equiparação salarial e valorização da carreira.

Segundo a presidente do sindicato, Carol Tabosa, o objetivo dos médicos nunca foi abandonar o serviço, mas alcançar um acordo que melhore a assistência e valorize o trabalho. “Se houver uma proposta concreta do Imip, os profissionais podem retirar suas cartas de rescisão”, afirmou.

Enquanto isso, o clima é de incerteza: os pedidos de demissão são individuais e podem aumentar nos próximos dias.

🚨 O que reclamam os médicos obstetras do Imip

  • Sobrecarga de trabalho: equipes reduzidas atendendo alta demanda, inclusive casos de alto risco.
  • Baixa remuneração: salários considerados defasados em comparação com a carga de trabalho.
  • Estrutura precária: falta de equipamentos adequados e necessidade urgente de reformas.
  • Burnout: relatos de médicos com síndrome de exaustão profissional devido à pressão contínua.
  • Negociações paradas: segundo o Simepe, não houve propostas concretas de valorização salarial ou de melhoria imediata nas condições de trabalho.

🏥 O que respondeu o Imip

  • Confirmação: reconhece ter recebido cerca de 30 pedidos de demissão.
  • Notificação oficial: comunicou a Secretaria Estadual de Saúde sobre a crise.
  • Plano de reestruturação: anunciou processo de contratação de novos obstetras e reorganização do serviço de obstetrícia.
  • Reformas e equipamentos: diz ter se comprometido em algumas reuniões a investir em melhorias, mas sem cronograma definido.
  • Reajuste salarial: citou o acordo mediado pelo TRT-6, que prevê aumento de 8% para hospitais com mais de 500 leitos — percentual que o sindicato considera insuficiente.

⚖️ Crise no Imip: o que dizem os médicos x o que responde o hospital

🚨 Problemas apontados pelos médicos🏥 Respostas do Imip
Sobrecarga de trabalho nas equipes de obstetrícia, mesmo com alto volume de partos de risco.Confirma ter recebido cerca de 30 pedidos de demissão e comunicou a Secretaria Estadual de Saúde.
Baixa remuneração e falta de valorização da carreira.Cita reajuste salarial de 8%, firmado em acordo mediado pelo TRT-6, mas sindicato considera insuficiente.
Estrutura precária e falta de equipamentos adequados.Afirma que iniciou plano de reestruturação e processo de contratação de novos profissionais.
Casos de burnout entre médicos devido ao excesso de demandas.Diz que não recebeu registros formais de burnout entre os profissionais.
Ausência de propostas concretas em negociações com o sindicato.Relata que em reuniões se comprometeu a comprar equipamentos e realizar reformas, mas sem cronograma definido.

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