Declarações polêmicas de Lula desagradam mulheres e impactam aprovação do governo

Segundo O Globo

Monitoramentos em redes sociais e pesquisas recentes apontam um crescente descontentamento do público feminino com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Declarações polêmicas e a saída de ministras importantes do governo são apontadas como fatores que contribuem para a queda da aprovação do governo entre as mulheres.

Segundo um levantamento da consultoria Gobuzz, que analisou 80.809 menções ao presidente nas redes sociais da Meta e no X, falas direcionadas ao público feminino tiveram grande repercussão negativa. Paralelamente, a pesquisa da Quaest divulgada no mês passado revelou que a aprovação do governo entre mulheres caiu de 54% para 49% desde dezembro. No levantamento mais recente do Datafolha, a queda foi ainda mais acentuada: a avaliação positiva de Lula entre eleitoras despencou 14 pontos, de 38% para 24%, em apenas dois meses.

Falas polêmicas e descontentamento

Entre as declarações mais criticadas está a fala de Lula sobre o preço dos alimentos, quando afirmou que, se o consumidor “desconfiar que o produto está caro”, deveria simplesmente evitar comprá-lo. A cientista política Daniela Costanzo, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, aponta que a declaração foi mal recebida principalmente por mulheres responsáveis pela economia doméstica.

Outro ponto que gerou insatisfação foi a saída de ministras do governo, como Nísia Trindade, ex-ministra da Saúde, substituída por Alexandre Padilha. A publicitária Patrícia Reis, de 40 anos, criticou a mudança:

— Tirou o protagonismo de uma mulher cientista para colocar um homem branco no lugar.

Para a cientista política Juliana Fratini, da PUC-SP, a queda na aprovação entre as mulheres está diretamente ligada às declarações do presidente:

— Ao ter essa postura, Lula reflete a cultura machista que ainda existe no país. Mas a expectativa em torno dele era diferente, e isso gera frustração.

Aliados tentam minimizar impacto

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que a questão será tratada como prioridade dentro do governo, destacando conquistas como a redução do desemprego e o aumento do salário mínimo. Já a deputada Benedita da Silva (PT) atribuiu a queda na aprovação à disseminação de desinformação e fake news pela oposição.

Apesar das justificativas, o descontentamento persiste. A universitária Isadora Camargo, de 23 anos, ligada ao movimento estudantil, resume sua frustração:

— No fim das contas, não vejo uma política pública voltada de fato para os nossos interesses. A impressão que fica é de que quem manda ainda são os mesmos de antes.

O cenário acende um alerta para o governo, que precisará reavaliar sua comunicação e suas ações para reconquistar a confiança do eleitorado feminino.

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