Deputados e senadores do PT destinaram R$ 5,5 milhões em emendas para fundação que controla TV pró-Lula
Ao longo de sete anos, 21 parlamentares petistas enviaram R$ 5,5 milhões em emendas parlamentares para a Fundação Sociedade, Comunicação, Cultura e Trabalho — entidade responsável pela TV dos Trabalhadores (TVT), canal de notícias alinhado ao governo Lula e mantido por sindicatos paulistas.
Entre os parlamentares que repassaram recursos estão os ministros Alexandre Padilha (Saúde), Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).
Segundo Maurício Júnior, diretor e membro do conselho da TVT, as emendas são complementares ao custeio feito pelos sindicatos dos Metalúrgicos do ABC e dos Bancários de São Paulo, e são destinadas a financiar a criação de novos quadros e programas com foco na comunicação pública e educativa. Ele afirma que os projetos mostram “o Brasil real, com suas periferias, juventudes, mulheres, povos do campo e comunidades tradicionais”.
“As produções fortalecem a democracia e ampliam o acesso à informação de qualidade, promovendo uma comunicação inclusiva e plural”, declarou Maurício.
Repasses oficiais e convênios com a EBC
A TVT integra a Rede Nacional de Comunicação Pública (RNCP) e mantém convênios com a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) desde 2010, com contratos renovados em 2023 após a volta do PT ao governo federal. No fim de 2024, a TVT firmou dois contratos com a EBC — um de R$ 1,8 milhão para aquisição de equipamentos e outro de R$ 800 mil para a produção de 100 programas jornalísticos inéditos. Ambos foram financiados com emendas parlamentares.
Ministros petistas e suas emendas
- Gleisi Hoffmann enviou R$ 350 mil em 2023 para a TVT.
- Alexandre Padilha, que repassou recursos em 2021 e 2023, afirmou que a TVT tem “programação educativa, não comercial nem partidária”.
- Paulo Teixeira destinou R$ 200 mil para projetos culturais da TVT, ressaltando que os repasses foram analisados e aprovados por governos anteriores, inclusive o de Bolsonaro.
Origem e controvérsias da TVT
Fundada em 2010 pelo sindicalista Elizeu Marques da Silva, a TVT tem suas raízes nos sindicatos dos metalúrgicos do ABC, onde Lula começou sua trajetória política. Maurício Júnior é a principal liderança atual, com Paulo Roberto Salvador como presidente oficial da fundação — figura que enfrenta processos judiciais relacionados à Lava-Jato.
Em setembro de 2025, Salvador deve deixar o cargo, e Maurício Júnior deve assumir oficialmente a presidência.
Defesa dos parlamentares
Senador Jaques Wagner (PT-BA) e deputado Alfredinho (PT-SP) foram os maiores repassadores, com R$ 500 mil cada. Alfredinho defende que o valor é “muito inferior” ao que destina à saúde e que a destinação está dentro da legalidade.
Para Benedita da Silva (PT-RJ), os repasses são fundamentais para garantir “acesso da população à informação de qualidade” em meio à “desinformação em massa”.
