Dólar e Petróleo Pressionam Gasolina

O ano começou com uma série de pressões sobre a Petrobras e o preço dos combustíveis no Brasil. A combinação de alta do dólar e do barril de petróleo no mercado internacional elevou a defasagem dos preços da gasolina e do diesel praticados pela estatal. Segundo a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), essa defasagem chegou a 13% para a gasolina e 22% para o diesel, os maiores patamares desde julho de 2023.

Apesar disso, a Petrobras mantém os preços nas refinarias inalterados. Porém, a partir de 1º de fevereiro, os consumidores sentirão um impacto direto nos postos de combustíveis: o aumento da alíquota fixa do ICMS em todo o país. Para a gasolina, o tributo subirá 7,1%, passando de R$ 1,3721 para R$ 1,47 por litro. O diesel terá alta de 5,3%, indo de R$ 1,0635 para R$ 1,12 por litro.

Pressões do Mercado

Especialistas do setor apontam que a Petrobras enfrenta uma difícil equação. Desde a mudança na política de preços, em 2023, a estatal deixou de adotar a Paridade de Preços de Importação (PPI) como referência exclusiva, considerando agora fatores como a produção nacional e custos logísticos. No entanto, o aumento da defasagem coloca pressão sobre a empresa para alinhar seus preços ao mercado internacional.

De acordo com Sérgio Araújo, presidente da Abicom, a atual defasagem nos preços desestimula os importadores, que respondem por cerca de 20% a 30% do consumo nacional. “Essa situação inibe a competitividade e torna inevitável um reajuste, especialmente se o dólar e o petróleo continuarem em alta”, afirma Araújo.

Cenário Econômico e Impactos

O dólar, que chegou a R$ 6,26 em dezembro, e o preço do petróleo, que ultrapassou os US$ 81 por barril, criam um cenário de volatilidade. Esses fatores, aliados ao aumento do ICMS, devem impulsionar os preços nas bombas e pressionar a inflação. Em 2024, a gasolina já foi o principal item responsável pela alta de 4,83% no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Além disso, fatores externos, como a recuperação econômica da China, o inverno rigoroso no Hemisfério Norte e mudanças na política econômica dos EUA, também influenciam o mercado. “A combinação desses elementos torna improvável uma queda no preço do petróleo nas próximas semanas”, explica Dietmar Schupp, consultor de preços.

Posição da Petrobras

Fontes internas da Petrobras indicam que, apesar da defasagem, ainda não há decisão sobre reajustes. A estatal monitora as condições do mercado e avalia os impactos do câmbio e do petróleo. “Por enquanto, o cenário não exige uma mudança imediata nos preços, mas a pressão do mercado pode forçar uma revisão em breve”, afirmou uma fonte.

Enquanto isso, dados da ANP mostram que, nas últimas semanas, os preços da gasolina e do diesel nas bombas registraram leves quedas, mas as perspectivas apontam para altas futuras, principalmente com o novo ICMS.

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