Estelionatário que fingia ser da Receita Federal para aplicar golpes é preso no Grande Recife: mais de 17 vítimas enganadas

Homem agia há 10 anos com falsas promessas de leilões de produtos apreendidos. Uma das vítimas chegou a perder R$ 20 mil.
Um homem de 51 anos foi preso em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, suspeito de aplicar golpes há mais de uma década fingindo ser funcionário da Receita Federal. Segundo a Polícia Civil, ele enganou pelo menos 17 vítimas com falsas promessas de participação em leilões de produtos supostamente apreendidos pelo órgão, como eletrônicos, instrumentos musicais e peças de carro — todos vendidos por preços muito abaixo do mercado.
Apresentando-se como “Santos”, o golpista dizia atuar na fiscalização de cargas do Porto de Suape e utilizava essa suposta credencial para conquistar a confiança de empresários da área cultural, músicos e produtores. Ele chegou a cobrar até R$ 20 mil de uma das vítimas com a justificativa de que o valor garantiria uma vaga em uma “lista de prioridade” para adquirir os itens.
A prisão aconteceu em um condomínio no bairro de Candeias, durante uma ação da Delegacia de Boa Viagem. De acordo com a delegada Millene Dinara, o suspeito ficou surpreso ao ser localizado. “Conseguimos identificar onde ele estava através do serviço de inteligência e cumprimos dois mandados: um relacionado ao golpe e outro por ele estar foragido. Agora ele está preso no Cotel, em Abreu e Lima”, explicou a delegada.
As investigações mostram que o criminoso se infiltrava em círculos sociais das vítimas. Em alguns casos, se apresentava como empresário do setor musical; em outros, frequentava os shows e eventos culturais dos alvos antes de se aproximar oferecendo os negócios fraudulentos.
Segundo o delegado Mário Melo, ele não apresentava nenhum documento oficial, nem provas de vínculo com a Receita, mas mesmo assim convencia as vítimas a fazer transferências bancárias. “Em um dos casos, ele mostrou a uma vítima um catálogo falso com TVs a R$ 900 e instrumentos por R$ 600. O preço baixo era o chamariz. As pessoas acreditavam e depositavam o dinheiro”, detalhou.
O criminoso usava o próprio nome e até a chave PIX pessoal para receber os valores. “São dados que poderiam ser checados facilmente. Ele já tem quatro condenações por estelionato. Bastava uma consulta ao site do Tribunal de Justiça”, alertou a delegada Millene Dinara, que também fez um apelo para que a população desconfie de ofertas boas demais para ser verdade.
A polícia acredita que o número de vítimas pode ser ainda maior e orienta quem tiver sido enganado pelo golpista a procurar a Delegacia de Boa Viagem.
🎯 Como funcionava o golpe do falso leilão da Receita Federal
📍1. Falsa identidade institucional
O estelionatário se apresentava como funcionário da Receita Federal, dizendo atuar na fiscalização de cargas no Porto de Suape.
🎭 2. Abordagem estratégica
Ele se aproximava de músicos, empresários e produtores culturais, muitas vezes em bares ou eventos, dizendo também ser empresário de bandas.
🗣️ 3. Oferta tentadora
Oferecia vagas em supostos leilões de produtos apreendidos pela Receita Federal — com preços muito abaixo do mercado:
- TVs por R$ 900
- Instrumentos musicais por R$ 600
- Eletrônicos e peças de carro
💸 4. Pagamento antecipado
Para participar do leilão, exigia uma “taxa de prioridade”, prometendo garantir acesso exclusivo aos itens.
👉 Uma das vítimas pagou até R$ 20 mil.
📲 5. Transferência via PIX com dados reais
O golpista usava o próprio nome e chave PIX verdadeira — o que poderia ser facilmente consultado na internet.
Ele já tinha quatro condenações por estelionato.
📉 6. Nenhum produto entregue
Após o pagamento, as vítimas não recebiam os produtos e perdiam o dinheiro. Ele sumia e buscava novas vítimas.
🚨 Dica da Polícia
Desconfie de promessas de produtos muito baratos e sempre verifique a identidade da pessoa antes de transferir dinheiro. Consulte antecedentes no site do Tribunal de Justiça.