Ex-presidente da Argentina é denunciado por agressão contra esposa

Ministério Público Argentino Acusa Formalmente Alberto Fernández de Agressão à Ex-Prima-Dama

Na terça-feira, dia 13m Fabiola Yáñez depôs pela primeira vez na Justiça, apresentando imagens que alegam mostrar espancamentos sofridos durante seu relacionamento com Alberto Fernández. O promotor Ramiro González formalizou a acusação contra o ex-presidente, destacando que os fatos poderiam configurar lesões leves e graves, agravadas, além de ameaças coativas.

O promotor solicitou 30 medidas probatórias, incluindo depoimentos de testemunhas como o ex-médico presidencial e a ex-secretária de Fernández, bem como relatórios das câmeras de segurança da Quinta de Olivos, residência oficial dos presidentes argentinos. O pedido visa obter informações sobre a casa principal e a casa de hóspedes, onde Yáñez se mudou após a separação de fato com Fernández.

González argumenta que a ex-primeira-dama sofreu assédio psicológico e agressão física em um contexto de violência doméstica e de gênero, exacerbado pela “relação de poder assimétrica” durante o mandato de Fernández.

No depoimento, realizado no consulado argentino em Madrid, Yáñez detalhou nove episódios de violência, prometendo apresentar novas provas, incluindo conversas e atestados médicos. Ela afirmou que o ex-presidente a agrediu, causou ferimentos graves, e a humilhava e ameaçava constantemente. As fotos com hematomas, publicadas anteriormente e que constam no telefone da secretária de Fernández, foram citadas como evidências da violência ocorrida em 2021. Em mensagens trocadas com Fernández, ele não nega as agressões.

Yáñez relatou que o pior momento ocorreu no último ano do governo de Fernández, quando o ex-presidente a responsabilizava pelos problemas políticos, incluindo a derrota eleitoral de 2021. Ela descreveu agressões físicas, como ser agarrada pelo pescoço, e mencionou o consumo de álcool após um aborto em 2016, anos antes de Fernández assumir a presidência. Também comentou sobre um tratamento psiquiátrico que recebeu.

A ex-primeira-dama indicou que membros do governo, como María Cantero, Federico Saavedra e Ayelén Mazzina, estavam cientes de sua situação. Cantero recebeu fotos com marcas de lesões, Saavedra sabia das feridas e Mazzina, apesar de ter sido procurada por Yáñez, não tomou medidas.

Enquanto isso, o presidente argentino Javier Milei tem explorado o escândalo nas redes sociais, pedindo o cancelamento da pensão e a suspensão da segurança que Fernández recebe da Polícia Federal. O ex-candidato presidencial Sergio Massa, derrotado por Milei, cancelou um ato político na província de Buenos Aires, especulando-se que o motivo seria o receio de comentar sobre o caso Fernández.

Por outro lado, Cristina Kirchner, ex-vice-presidente e antiga aliada de Fernández, condenou a violência de gênero, mas tentou se distanciar do caso. A relação entre Kirchner e Fernández deteriorou-se ao longo dos anos, especialmente durante o mandato presidencial de Fernández.

A crise política em torno de Fernández contribui para a turbulência na oposição, com o ex-presidente frequentemente atacando as políticas de Milei nas redes sociais. Atualmente, o cenário político argentino está em sua fase mais conturbada.

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