Explosão de fraudes no INSS: MPF já investiga mais de 1.100 casos de descontos indevidos em benefícios

Levantamento inclui desde erros administrativos até descontos misteriosos ligados a associações suspeitas — escândalo que derrubou a presidência do órgão

O Ministério Público Federal (MPF) tem pelo menos 1.120 procedimentos abertos envolvendo descontos indevidos em benefícios previdenciários, segundo levantamento divulgado nesta quinta-feira (24). Os processos tratam de uma série de irregularidades, que vão desde falhas no cálculo de valores pagos pelo INSS até descontos não autorizados para entidades suspeitas — casos similares aos investigados na operação que levou à queda da cúpula do instituto.

Na quarta-feira (23), o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi exonerado após a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagrarem uma operação para apurar fraudes em descontos indevidos na folha de pagamento de aposentados e pensionistas.

O MPF ressalta que o número de 1.120 casos não inclui procedimentos sob sigilo, o que indica que o total de investigações pode ser ainda maior.

As ações envolvem desde restituição de valores pagos por erro administrativo — como acúmulo irregular de benefícios ou falha no cálculo da renda — até situações em que o beneficiário tenta interromper descontos inesperadosde valores mensais em favor de entidades e associações que sequer reconhece.

Diante do escândalo, o ministro da CGU, Vinicius de Carvalho, afirmou nesta quinta-feira que todos os beneficiários afetados serão ressarcidos. Um plano detalhado de devolução dos valores está sendo elaborado pelo governo federal.

A procuradora regional da República Zélia Pierdoná, que coordena o grupo de trabalho sobre Previdência no MPF, defende uma ação rigorosa para estancar as fraudes:

“É hora de fazer um recadastramento completo dos beneficiários. As associações vão ter que provar que essas pessoas são realmente filiadas. É uma medida radical, mas necessária.”

Pierdoná critica o fato de beneficiários serem cobrados sem nunca terem autorizado a filiação:

“Não dá para admitir que alguém pague por algo que nunca pediu. Estamos falando de um sistema que deveria proteger os mais vulneráveis — e não financiar interesses escusos.”

O escândalo amplia a crise no INSS e pressiona o governo Lula a rever mecanismos de controle e fiscalização sobre entidades que se associam aos aposentados e pensionistas, muitas vezes sem consentimento.

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