Explosivo: perícia aponta assinatura falsa em acordo que manteve Ednaldo na CBF — Congresso reage e quer convocação
Análise grafotécnica questiona validade de documento homologado pelo STF e reacende crise política na entidade. Ex-dirigente estaria incapacitado na época da assinatura. Parlamentares pedem depoimentos e investigam supostos abusos de poder.
Uma nova bomba sacode os bastidores da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Uma perícia judicial aponta que a assinatura do ex-presidente interino da entidade, coronel Antônio Carlos Nunes, no acordo que manteve Ednaldo Rodrigues no comando da CBF, seria falsa. O documento foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas agora sua autenticidade é colocada em xeque — e o Congresso Nacional quer explicações.
O laudo, elaborado pela perita grafodocumentoscópica Jacqueline Tirotti a pedido do vereador carioca Marcos Dias (Podemos), sustenta que a assinatura atribuída a Nunes no dia 19 de janeiro de 2023 “não foi realizada pelo punho” do dirigente. A análise, obtida pelo Estadão, aponta divergências na grafia, ausência de rubricas nas folhas e indica que o documento poderia ter sido manipulado.
Mais grave: a assinatura em questão foi supostamente feita cinco dias antes da formalização do próprio acordo judicial, o que, segundo a perícia, anteciparia poderes a um procurador para validar judicialmente algo que sequer existia à época.
A CBF afirmou em nota que “não teve acesso à referida perícia” e garantiu que “todos os atos foram conduzidos dentro da legalidade, com representantes legitimados”. Mas o Congresso já se mobiliza: pedidos de convocação de Ednaldo para depor foram protocolados na Câmara e no Senado.
Saúde debilitada e histórico polêmico
O coronel Nunes, de 86 anos, sofre desde 2018 de doenças severas, incluindo neoplasia cerebral maligna e cardiopatia grave. Em 2023, declarou à Justiça estar cognitivamente debilitado. Mesmo assim, teria assinado o acordo que garantiu Ednaldo no poder — e recebido da CBF R$ 1,15 milhão em rendimentos no ano seguinte, segundo declaração de Imposto de Renda.
Essa não é a primeira vez que a autenticidade de suas assinaturas gera controvérsia. Em 2021, a esposa de Nunes, Maria Venina, afirmou à CBF que ele havia sido pressionado por Rogério Caboclo, então presidente da entidade, a assinar uma procuração sem entender seu conteúdo — enquanto tomava medicamentos e às vésperas de uma cirurgia cardíaca.
Dois dias após manifestar por escrito à CBF que não assumiria a presidência por motivos de saúde, Nunes assinou um documento que dava poderes a um escritório de advocacia ligado a Caboclo.

Reação no Congresso
Na Câmara, o deputado Sargento Gonçalves (PL-RN) protocolou requerimento para convocar Ednaldo Rodrigues, além de figuras-chave como Maria Venina, Ricardo Nonato (vice-presidente eleito da CBF), e testemunhas do acordo judicial. Já no Senado, Eduardo Girão (Novo-CE) apresentou pedido semelhante, embasado também em denúncias veiculadas pela revista piauí.
A reportagem mencionou uso de recursos da CBF para despesas pessoais durante a Copa do Catar, incluindo viagens e hospedagens de familiares, jornalistas, magistrados e artistas. Estima-se que cerca de R$ 3 milhões tenham sido gastos com esse tipo de despesa.
O requerimento do Senado também aponta potencial conflito de interesses: o relator do processo que validou o acordo no STF foi o ministro Gilmar Mendes — fundador do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), parceiro da CBF na CBF Academy.
Salários milionários e estrutura de poder
Desde a ascensão de Ednaldo, os salários dos presidentes de federações estaduais — peças-chave no colégio eleitoral da CBF — saltaram de R$ 50 mil para até R$ 215 mil mensais, com direito até a 16º salário. A oposição acusa a atual gestão de “manipular apoio” com cargos e benefícios.
“O impacto das denúncias ultrapassa o universo do futebol. A CBF exerce função social de enorme relevância. A forma como é gerida é de interesse nacional”, escreveu o senador Girão.
O STF ainda não se manifestou oficialmente sobre a perícia, mas já marcou para 28 de maio o julgamento do mérito da ação que envolve a intervenção do Ministério Público em entidades esportivas. O resultado, porém, não afeta a permanência de Ednaldo, que foi recentemente reeleito com apoio unânime das 27 federações e dos 40 clubes das Séries A e B.
CBF mantém plano de continuidade: contrato milionário com Ancelotti
Apesar da crise institucional, a CBF segue com sua agenda esportiva. Fontes ligadas à entidade confirmam que Carlo Ancelotti deve ser anunciado como novo técnico da Seleção Brasileira nos próximos dias.
Segundo apuração da coluna, o contrato prevê salário de R$ 5 milhões mensais, moradia no Rio de Janeiro, plano de saúde internacional, seguro de vida e bônus por desempenho na Copa de 2026. Se chegar à semifinal, o contrato será renovado automaticamente até 2030.

🛑 Crise na CBF: Perícia aponta assinatura falsa em acordo que manteve Ednaldo no poder
🔎 Perícia contesta documento oficial
Laudo grafotécnico indica que a assinatura do ex-presidente interino da CBF, coronel Nunes, em um acordo homologado pelo STF, não é autêntica.
⚖️ Acordo sob suspeita
Documento contestado foi decisivo para manter Ednaldo Rodrigues no comando da CBF. Ele foi homologado cinco dias após a suposta assinatura — um indício de que o conteúdo do acordo ainda nem existia quando foi assinado.
🧠 Condições de saúde de Nunes
Desde 2018, o coronel Nunes sofre de tumor cerebral e cardiopatia grave. Em 2023, declarou déficit cognitivo à Justiça, o que levanta dúvidas sobre sua capacidade civil à época da assinatura.
📣 Congresso reage
Deputados e senadores protocolaram convocações para que Ednaldo deponha sobre o caso. O presidente da Câmara e o Senado já pautaram audiências públicas para investigar o acordo.
💵 CBF pagou R$ 1,15 milhão a Nunes em 2024
Valor foi declarado como “rendimento sem vínculo empregatício”, e a entidade ainda não explicou o motivo do pagamento.
⚖️ Relação com Gilmar Mendes sob escrutínio
Ministro do STF que relatou o processo é fundador do IDP, instituição parceira da CBF Academy, levantando suspeitas de conflito de interesses.
🎭 Gastos da Copa sob suspeita
Senadores citam uso de recursos da CBF para pagar viagens e hospedagens de familiares, políticos, juízes e jornalistasdurante a Copa de 2022. Estimativa é de R$ 3 milhões em despesas.
📌 Histórico de manipulações
Não é a primeira vez que o nome de coronel Nunes aparece em polêmicas. Em 2021, ele teria assinado documento sob efeito de medicamentos, sem saber o conteúdo, segundo sua esposa.
🏛️ CBF rebate
A entidade diz que não teve acesso à perícia e afirma que todos os atos foram legais e legítimos.
⚽ Julho decisivo no STF
Corte vai julgar no dia 28 se o Ministério Público pode ou não firmar acordos com entidades privadas como a CBF. Resultado não afeta diretamente o mandato de Ednaldo, já reeleito até 2030.