HAMAS RETOMA CONTROLE EM GAZA E PERSEGUE SUSPEITOS DE COLABORAÇÃO COM ISRAEL APÓS CESSAR-FOGO

Membros das forças de segurança interna leais ao Hamas no campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza. Israel vem retirando suas forças como parte de um acordo de cessar-fogo.

O grupo Hamas começou a reafirmar seu controle sobre a Faixa de Gaza nos últimos dias, após a implementação do acordo de cessar-fogo mediado por Estados Unidos, Egito e Catar. A retomada do poder vem acompanhada de operações violentas contra supostos colaboradores e informantes de Israel, em meio à incerteza sobre o futuro da segurança no território palestino.

Imagens divulgadas por agências internacionais mostram forças de segurança interna do Hamas patrulhando as ruas da Cidade de Gaza e do campo de refugiados de Nuseirat, no centro do território. Segundo canais do Telegram ligados ao grupo, “diversos informantes e espiões” foram detidos e estariam sendo interrogados sob acusação de espionagem e cooperação com o inimigo.

Um vídeo publicado no sábado (11) por perfis afiliados ao Hamas mostra um homem sendo espancado publicamente em local não identificado, supostamente por ter colaborado com Israel. Outras gravações, amplamente compartilhadas nas redes sociais, mostram militantes armados e mascarados caminhando por mercados e bairros destruídos, em uma clara demonstração de força.

Ministério do Interior administrado pelo grupo anunciou uma anistia de uma semana para integrantes de gangues locais “não envolvidas em assassinatos ou derramamento de sangue”, tentativa de reestabelecer a ordem em meio ao caos. Apesar disso, clãs rivais e facções armadas resistem à retomada do controle, principalmente no sul da Faixa de Gaza.

Na Cidade de Gaza, confrontos entre forças do Hamas e a influente família Dughmush deixaram mortos, incluindo Muhammad Imad Aql, filho de um alto comandante militar da facção. Fontes locais relataram que o grupo cercou hospitais e bairros inteiros em busca de opositores.

Já no sul, uma milícia chamada Forças Populares declarou abertamente que não irá depor as armas e acusou o Hamas de ser “ratos escondidos em túneis”. O líder do grupo, Hussam al-Astal, afirmou à imprensa israelense que sua facção pretende se tornar “uma alternativa ao Hamas”.

Enquanto o grupo radical tenta consolidar novamente o domínio sobre o território, pairam dúvidas sobre o futuro da segurança e da reconstrução de Gaza. O plano de paz de 20 pontos proposto pelo presidente americano Donald Trump prevê a criação de uma Força Internacional de Estabilização (ISF) para substituir as forças do Hamas e supervisionar um processo de desarmamento gradual, mas especialistas alertam que a implantação pode demorar meses devido à destruição generalizada e à complexa logística envolvida.

Chatham House, instituto britânico de política internacional, avalia que a formação dessa força exigirá “coordenação multinacional sem precedentes” e dependerá da cooperação de países como Egito e Jordânia, que devem liderar o treinamento da nova polícia palestina.

Enquanto isso, a Faixa de Gaza segue mergulhada em tensão e incerteza, com civis entre os escombros e milícias disputando o poder em um território devastado por dois anos de guerra.

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