Inflação dispara: IPCA sobe 0,56% em março, maior alta para o mês desde 2023 — alimentos pesam no bolso

Tomate, ovos e café moído puxam alta de preços; inflação em 12 meses ultrapassa teto da meta do Banco Central

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação no Brasil, subiu 0,56% em março, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (11) pelo IBGE. Embora represente uma desaceleração em relação a fevereiro (1,31%), o resultado veio acima do esperado pelo mercado (0,54%) e mostra que a pressão inflacionária segue forte — especialmente nos alimentos.

Com o resultado, a inflação acumulada em 12 meses chegou a 5,48%, ultrapassando o teto da meta do Banco Central, que é de 4,50%.

Inicialmente, o IBGE havia informado que o índice era o maior para um mês de março desde 2003, mas depois corrigiu: trata-se da maior taxa para o mês desde 2023, quando o IPCA registrou alta de 0,71%.

Tomate, ovos e café: os vilões da vez

O grupo Alimentação e bebidas foi o principal responsável pela alta, com variação de 1,17% e impacto de 0,25 ponto percentual no índice geral — quase metade do IPCA de março. Três produtos responderam sozinhos por um quarto da inflação do mês:

  • Tomate: +22,55%, devido à quebra de oferta causada pelo calor excessivo.
  • Ovos: +13,13%, puxados pelo aumento do milho e pela quaresma, que eleva o consumo.
  • Café moído: acumula alta de 77,78% em 12 meses, impactado por problemas climáticos no Brasil e no Vietnã.

“Com o calor do verão, a maturação do tomate se acelerou e parte da colheita foi antecipada. Sem essas áreas no mês seguinte, a oferta caiu”, explicou Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa no IBGE.

Passagens aéreas e cinema também pressionam

Outros grupos também contribuíram para o avanço dos preços. O setor de Transportes subiu 0,46%, impulsionado pela alta nas passagens aéreas, que saltaram 6,91% após queda de 20,46% em fevereiro. Foi o terceiro maior impacto individual do mês. A gasolina subiu 0,51%, mas desacelerou em relação aos 2,78% do mês anterior.

Já o grupo Despesas pessoais teve a segunda maior variação (0,70%), puxado por entretenimento: cinema, teatro e concertos aumentaram 7,76% com o fim de promoções em fevereiro.

Por outro lado, a Habitação, que havia subido 4,44% no mês anterior, teve avanço mais modesto (0,24%) com forte desaceleração da energia elétrica, de 16,80% para 0,12%.

Curitiba e Porto Alegre lideram alta; Brasília tem menor inflação

Entre as regiões pesquisadas, Curitiba e Porto Alegre registraram as maiores altas (0,76%), ambas influenciadas pela gasolina. Rio Branco e Brasília tiveram os menores índices (0,27%), beneficiadas pela queda em passagens aéreas e transporte urbano.

INPC também avança

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias com renda de até cinco salários mínimos, subiu 0,51% em março, após alta de 1,48% em fevereiro. Em 12 meses, o índice acumula avanço de 5,20%.

Alerta para o Banco Central

Apesar da desaceleração em relação a fevereiro, os dados reforçam o desafio da política monetária no país. A inflação segue pressionada por alimentos e serviços, o que deve manter o Banco Central em alerta quanto à condução da taxa básica de juros (Selic) nos próximos meses.

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