IPCA sobe 0,52% em dezembro e fecha 2024 com alta de 4,83%, acima do teto da meta de inflação
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial no Brasil, registrou alta de 0,52% em dezembro, acelerando em relação ao aumento de 0,39% observado em novembro. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com isso, o IPCA encerrou 2024 com uma alta acumulada de 4,83%, superando o índice de 4,62% registrado em 2023. O resultado também ficou 0,33 ponto percentual acima do teto da meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que era de 3%, com margem de 1,5 ponto percentual (teto de 4,5%).
As projeções do mercado, segundo pesquisa da Reuters, apontavam para uma alta mensal de 0,57% em dezembro e um acumulado de 4,88% no ano, ambos levemente acima do resultado final divulgado pelo IBGE.
Alimentação e gasolina lideram pressão inflacionária
O grupo Alimentação e Bebidas foi o principal responsável pela inflação em 2024, com alta acumulada de 7,69%, contribuindo com 1,63 pontos percentuais para o IPCA anual. Outros grupos que impactaram fortemente foram Saúde e Cuidados Pessoais (6,09%), com contribuição de 0,81 p.p., e Transportes (3,30%), que adicionou 0,69 p.p. ao índice. Juntos, esses três grupos responderam por cerca de 65% da inflação do ano.
Entre os produtos e serviços, a gasolina teve o maior impacto individual no índice, com alta de 9,71% no ano, contribuindo com 0,48 p.p. para o IPCA de 2024. Em seguida, o Plano de Saúde (7,87%) e a Refeição fora do domicílio (5,70%) também exerceram pressões significativas, com impactos de 0,31 p.p. e 0,20 p.p., respectivamente.
Um destaque entre os itens alimentícios foi o Café moído, que acumulou alta de 39,60% no ano, registrando o quarto maior impacto individual sobre a inflação (0,15 p.p.).
Itens que aliviaram a inflação
Alguns itens ajudaram a conter a inflação em 2024. As passagens aéreas, por exemplo, tiveram queda de 22,20% no ano, com impacto de -0,21 p.p. no IPCA. Alimentos como o tomate (-25,86%) e a cebola (-35,31%) também contribuíram para atenuar o índice, ambos com impacto de -0,07 p.p. cada.
Contexto e análise
Segundo Fernando Gonçalves, gerente do IPCA no IBGE, os alimentos foram fortemente impactados por condições climáticas adversas ao longo do ano, o que contribuiu para a alta de preços em diversos períodos e regiões. Além disso, a gasolina, como em 2023, foi um dos maiores vilões da inflação em 2024.
Os dados divulgados pelo IBGE serão analisados pelo Banco Central durante a primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deste ano, marcada para os dias 28 e 29 de janeiro. Essa será a estreia de Gabriel Galípolo como presidente da autarquia.
A evolução da inflação em 2024 destaca a importância de medidas estruturais para estabilizar os preços e manter a economia dentro das metas definidas, especialmente em um cenário de alta volatilidade econômica e climática.