Lula articula com Alcolumbre para barrar PEC da Blindagem e frear plano de anistia a Bolsonaro
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DO ESTADÃO
Após os protestos do último domingo contra a PEC da Blindagem e o projeto de anistia aos condenados do 8 de Janeiro, o governo Lula intensificou a articulação política para tentar frear as iniciativas no Congresso. O presidente passou a contar com o apoio direto do senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que hoje comanda o Senado e tem peso decisivo nas negociações.
A estratégia busca impedir que qualquer proposta — seja uma anistia ampla ou uma redução de penas — beneficie o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado pelo STF a 27 anos e 3 meses de prisão. Nas ruas e nas redes, atos liderados por artistas como Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil e Anitta reforçaram a pressão popular contra o perdão.
Apesar disso, parte da bancada do PT na Câmara votou a favor da PEC, o que abriu crise interna no partido. O apoio de oito petistas foi crucial para que o Centrão conseguisse aprovar a volta do voto secreto em investigações criminais contra parlamentares.
Enquanto o Planalto busca força no Senado, o relator do projeto, Paulinho da Força (Solidariedade-SP), disse que não haverá anistia total, mas admitiu que o chamado “PL da Dosimetria” deve reduzir penas de condenados. Para ele, a medida poderia “pacificar o País”, mas sem confrontar o Supremo.
Juristas ligados ao PT classificaram a manobra como “anistia com botox”, afirmando que apenas o Judiciário tem poder de definir penas. Já no PL, partido de Bolsonaro, a posição é de endurecimento: o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, ameaçou obstruir os trabalhos no Congresso caso a anistia ampla seja enterrada.
No meio da disputa, Lula enviou sinais trocados: em reunião com dirigentes do PDT, admitiu apoiar uma eventual redução de penas desde que Bolsonaro não fosse beneficiado — fala que irritou setores do PT. Para líderes petistas, mexer nesse tema agora seria passar um “aval” para crimes contra a democracia.