Lula diz que leilão do arroz foi anulado por “falcatrua”

Nesta sexta-feira (21), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou sobre a anulação do leilão de arroz devido a irregularidades detectadas em uma das empresas participantes. O caso envolveu uma polêmica concorrência para a compra de arroz importado, resultando na demissão do então secretário de Política Agrícola, Neri Geller.

Com o cancelamento do leilão, o governo planeja realizar uma nova licitação. A importação de arroz foi decidida após as enchentes no Rio Grande do Sul, maior produtor do grão no Brasil, como medida para conter a alta dos preços.

“Tomei a decisão de importar 1 milhão de toneladas. E, depois, tivemos anulação do leilão porque houve uma falcatrua numa empresa. Por que eu vou importar? Porque o arroz tem que chegar na mesa do povo no mínimo a R$ 20 o pacote de cinco quilos. Que compre a R$ 4 um quilo de arroz, mas não dá pra ser um preço exorbitante”, afirmou Lula em entrevista à rádio Meio Norte, de Teresina, Piauí. “Vamos inclusive financiar áreas de outros estados produtivas de arroz para não ficar dependendo apenas de uma região. Vamos oferecer um direito dos caras comprar e a gente vai dar uma garantia de preço para que as pessoas não tenham prejuízo”, acrescentou.

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Ministro da Agricultura Ameniza Falhas

Na quarta-feira (19), o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), minimizou as supostas irregularidades durante uma audiência na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, onde foi convidado a prestar esclarecimentos sobre os estoques públicos e a necessidade de importação de arroz.

“Anulou o processo porque faz parte, e é num ato da gestão, combater qualquer tipo de conflito de interesse. É a prevenção. É a prevenção. Não se trata de juízo de valor. […] É muito importante dizer que a exoneração do ex-ministro Neri Geller não se trata de um ato de juízo de valor”, declarou Fávaro. Ele garantiu que um novo leilão será realizado com regras aprimoradas, contando com o apoio da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Advocacia-Geral da União (AGU) na elaboração do novo edital.

Detalhes do Leilão Cancelado

O leilão para a importação de 263 mil toneladas de arroz foi anulado em 11 de junho, após suspeitas de incapacidade técnica e financeira de algumas empresas vencedoras. Três das quatro empresas vencedoras não atuavam no setor de arroz ou importação, o que poderia comprometer a operação, segundo analistas de mercado.

Essas empresas receberiam recursos do governo para importar o produto, que seria entregue às unidades da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Nenhuma empresa tradicional do setor participou do leilão, conforme uma das bolsas responsáveis pela negociação.

A Conab explicou que, no atual modelo de leilão, a estatal só conhece as empresas vencedoras após os resultados da operação, mediada pelas bolsas de cereais.

O arroz seria vendido em pacotes de cinco quilos por R$ 20, com rótulo do governo. Nos supermercados de São Paulo, o pacote de cinco quilos tem sido vendido, em média, por R$ 30.

A decisão de importar arroz foi tomada dias após as enchentes no Rio Grande do Sul, como forma de prevenir a alta dos preços diante das dificuldades enfrentadas pelo estado para transportar o grão ao restante do país.

Essa medida foi criticada pelos produtores, que afirmaram haver arroz suficiente para abastecer o mercado interno. O Rio Grande do Sul, responsável por 70% da produção nacional, já havia colhido 80% do cereal antes das inundações.

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