MADURO MANDA MARINHA ESCOLTAR PETROLEIROS APÓS TRUMP ANUNCIAR BLOQUEIO TOTAL À VENEZUELA, DIZ NYT
Medida eleva tensão com os EUA e aumenta risco de confronto naval no Caribe

O governo da Venezuela determinou que a Marinha passe a escoltar navios carregados com derivados de petróleo, em resposta direta ao bloqueio anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, segundo informações do New York Times. A decisão eleva a tensão entre Caracas e Washington e amplia o risco de um confronto militar no mar.
De acordo com fontes ouvidas pelo jornal americano, diversos petroleiros deixaram a costa venezuelana sob escolta naval entre a noite de terça-feira e a manhã desta quarta-feira, poucas horas após Trump declarar um “bloqueio total e completo” contra embarcações envolvidas no comércio de petróleo com a Venezuela.
As embarcações partiram do Puerto José, transportando produtos como ureia, coque de petróleo e outros derivados, com destino principalmente a mercados asiáticos. As fontes afirmam que a escolta militar foi determinada pessoalmente pelo governo de Nicolás Maduro, como reação às ameaças dos Estados Unidos.
Embora os navios escoltados não constem, até o momento, na lista oficial de embarcações sancionadas, o bloqueio anunciado por Trump mira petroleiros que tenham violado sanções americanas. Um funcionário do governo dos EUA confirmou ao NYT que Washington está ciente da movimentação e avalia novas medidas, mas evitou dar detalhes.
Em nota, a estatal PDVSA afirmou que os navios ligados às suas operações continuam navegando “normalmente, com total segurança e garantias operacionais”, alegando o direito à livre navegação internacional.
Segundo dados do TankerTrackers.com, cerca de 40% dos petroleiros que transportaram petróleo venezuelano nos últimos anos foram sancionados pelos EUA. Isolada financeiramente, a Venezuela passou a depender de navios clandestinos, que vendem o petróleo a preços muito abaixo do mercado para driblar sanções.
Mesmo sob pressão, o país manteve exportações elevadas. Entre setembro e dezembro, a Venezuela exportou quase 800 mil barris por dia, sendo 81% destinados à China, 17% aos Estados Unidos e o restante a Cuba.
Na semana passada, forças americanas apreenderam um petroleiro sancionado próximo à costa venezuelana, carregado com quase dois milhões de barris de petróleo bruto, episódio que marcou uma forte escalada no confronto entre Trump e Maduro.
Autoridades americanas admitem, reservadamente, que novas apreensões podem ocorrer. Maduro, por sua vez, reagiu com indignação e prometeu manter as exportações “a qualquer custo”.
Especialistas avaliam que o bloqueio ao setor petrolífero é uma estratégia para asfixiar economicamente o regime chavista, evitando uma intervenção militar direta, mas agravando a crise humanitária, a fome e a instabilidade social que já afetam o país.