“Mataram por causa de um som”: 3 dos acusados por espancar empresário até a morte já foram investigados por tráfico

Três dos cinco suspeitos de participarem do brutal espancamento que resultou na morte do empresário piauiense Erlan Oliveira, de 28 anos, já foram investigados por tráfico de drogas, segundo informou o delegado Gabriel Sapucaia, da Delegacia de Homicídios de Petrolina, no Sertão de Pernambuco. A vítima, natural do Piauí e residente em São Paulo, era operador de criptomoedas e morreu após quatro dias internado com morte encefálica.
O crime chocou a região. Erlan foi agredido por cerca de seis minutos, na madrugada da sexta-feira (20), em frente ao Bar Virote, no bairro José e Maria, zona norte de Petrolina. Segundo a polícia, ele foi retirado à força de uma caminhonete Toyota Hilux SW4 preta e espancado após tentar desligar o som alto de um “paredão” automotivo que incomodava moradores da área.
“Das cinco pessoas envolvidas, duas já tinham passagem por tráfico em Petrolina em 2022. Uma terceira já foi investigada em Ouricuri, também por tráfico”, afirmou o delegado Sapucaia.
Execução pública após desentendimento banal
As imagens do circuito de segurança do bar, usadas como principal prova no inquérito, mostram que Erlan foi espancado com socos, pontapés e pisões, inclusive quando já estava inconsciente no chão. A motivação: ele teria chegado de forma “abrupta” ao local, bateu o porta-malas do veículo de um dos suspeitos — que estava com o som ligado — e tentou ir embora dirigindo o carro.
Ainda de acordo com o delegado:
“Um dos agressores imobiliza a vítima com uma gravata ainda dentro do carro. Em seguida, os demais chegam e o agridem violentamente. Há relatos de que um deles ficou com a mão melada de sangue.”
Cinco acusados e uma prisão domiciliar polêmica
Três suspeitos foram presos: Vitória Maria de Carvalho, João Ítalo Barbosa da Silva e Franklin Freire de Aquino Bezerra. Já Laiza Guimarães Coelho, de 19 anos, também presa inicialmente, teve a prisão convertida para domiciliar com tornozeleira eletrônica, por decisão do juiz Rodrigo Almeida Leal, do Plantão Judiciário. O magistrado acolheu pedido da Defensoria Pública, que alegou vulnerabilidade familiar, já que Laiza é mãe de três crianças, uma delas lactente, e o marido dela — também envolvido no crime — está preso.
“A situação familiar da custodiada é de extrema vulnerabilidade”, escreveu o juiz, contrariando o parecer do Ministério Público.
Os outros dois suspeitos — entre eles o empresário José Lima Ferreira Junior, conhecido como Júnior da D20, dono de farmácias e lojas de importados em Ouricuri — seguem foragidos. A polícia aguarda que um deles se apresente, conforme prometido pelo advogado.
Detalhes cruéis e participação das mulheres nas agressões
A investigação aponta que as duas mulheres também participaram das agressões físicas, inclusive quando a vítima já estava indefesa. De acordo com o delegado, Vitória Maria teria pisado na cabeça de Erlan com uma bota de salto, o que ela nega, apesar das imagens mostrarem a cena.
“As mulheres não foram apenas testemunhas. Elas agrediram ativamente a vítima, inclusive com chutes, mesmo após ele cair”, ressaltou Sapucaia.
Crime será tratado como homicídio qualificado
Os cinco envolvidos vão responder por homicídio qualificado por motivo fútil, com pena que pode variar entre 12 e 30 anos de prisão. A principal prova são as filmagens do local e o depoimento do segurança do bar, que identificou os agressores.
A morte de Erlan Oliveira gerou comoção nas redes sociais, especialmente entre amigos do Piauí e de São Paulo. A família, abalada, exigiu justiça e criticou a concessão de prisão domiciliar à acusada.