Pai Absolvido Após Quase um Ano Preso por Acusação de Estupro da Própria Filha no Sertão de PE

Um caso de suposto estupro de vulnerável chocou os moradores de Ipubi, no Sertão de Pernambuco, em janeiro de 2024. O principal suspeito era o pai da criança, um agricultor identificado como J.W.A., que passou quase um ano preso até ser absolvido em julgamento realizado na última terça-feira (4).
A Prisão e as Acusações
A vida do agricultor mudou drasticamente em 8 de janeiro de 2024, quando ele levou sua filha, de 5 anos, ao hospital após uma crise de epilepsia. Durante o atendimento, a equipe médica suspeitou de abuso sexual ao identificar sinais de laceração anal e perfuração do hímen, o que levou à notificação às autoridades.
De acordo com o advogado do acusado, Erleson Aceno, o pai relatou que ao chegar ao hospital, foi instruído a dar banho na criança sob observação da equipe médica. Durante esse processo, o comportamento da criança teria levantado suspeitas de abuso. O caso foi encaminhado à delegacia, e a criança passou por exames periciais em Ouricuri para confirmar as suspeitas.
Inicialmente, J.W.A. foi liberado enquanto os exames eram analisados. No entanto, no dia 26 de janeiro, ao retornar com a filha ao hospital devido a novas crises, os profissionais novamente suspeitaram de abuso e solicitaram exames adicionais. Pouco depois, o delegado solicitou a prisão preventiva do pai, medida acatada pelo Ministério Público e deferida pelo juiz. Em 21 de fevereiro de 2024, J.W.A. foi detido.
A Defesa e a Descoberta da Inocência
Erleson Aceno, ao assumir a defesa do agricultor, visitou o cliente na Cadeia Pública de Ipubi e ouviu dele repetidas negativas sobre as acusações. O advogado decidiu aplicar um teste de reação, informando falsamente ao acusado que os exames haviam confirmado o abuso. “Ao ouvir isso, ele desabou em lágrimas, desesperado, reafirmando sua inocência”, relatou Aceno.
Os laudos periciais foram finalmente divulgados e revelaram que não havia indícios de abuso sexual na criança. Mesmo com essas evidências, a Justiça negou pedidos de liberdade provisória, mantendo o agricultor encarcerado até a data do julgamento.
O Julgamento e a Absolvição
A audiência de instrução e julgamento ocorreu em 6 de novembro, com o depoimento das testemunhas de acusação e defesa. Ao final, o Ministério Público pediu a condenação do acusado, enquanto a defesa sustentou a inexistência de provas e requereu a absolvição.
Na última terça-feira (4), o Tribunal absolveu J.W.A. de todas as acusações. O agricultor foi libertado no dia seguinte, encerrando um longo período de sofrimento e incerteza. “Felizmente, conseguimos provar a inocência de mais um acusado injustamente”, comemorou o advogado.
As Consequências e o Futuro
Mesmo livre, J.W.A. decidiu não retornar para casa, onde vivia com a esposa e os filhos. Ele está atualmente na residência de sua mãe e pretende manter distância da família por um tempo, enviando pensão alimentícia para os filhos. “Quero evitar novas acusações e aguardar os próximos desdobramentos”, afirmou.
Por envolver uma menor de idade, o caso segue em segredo de Justiça. O Ministério Público pode recorrer da decisão, mas até o momento não se pronunciou oficialmente sobre o desfecho do julgamento.